Relatório da AIE agora publicado alerta para a urgência de se travar já os investimentos em novos projetos de combustíveis fósseis, no início de um roteiro para ainda se atingir a neutralidade carbónica em 2050
A Agência Internacional de Energia apela aos governos para intensificarem as ações prometidas no combate às alterações climáticas, nomeadamente a acelerarem a aposta nas chamadas energias limpas e a cortarem por completo a dependência nos combustíveis fósseis.
O apelo surge num relatório agora publicado detalhando o caminho para se conseguir a ambicionada neutralidade carbónica até 2050.
Para isso, será preciso:
- parar já com todo e qualquer investimento em novos projetos baseados nos combustíveis fósseis;
- acabar até 2035 com a venda de novos veículos de passageiros com motores de combustão interna;
- e até 2040, garantir que todo o setor elétrico mundial já tenha atingido a neutralidade carbónica.
Seguindo este roteiro aqui resumido dará ao planeta a possibilidade de conseguir limitar o aquecimento global ao desejado agravamento máximo de 1,5°C face aos níveis pré-industriais, garante a agência internacional da Energia, mantendo assim ao alcance o objetivo traçado em 2015 no Acordo de Paris.
Uma das cidades tidas como exemplo na forma como está a tentar reduzir a pegada carbónica é a capital de Portugal.
A democratização e promoção do uso de transportes públicos amigos do ambiente é uma das grandes apostas de Lisboa, que em abril anunciou um investimento a rondar os €60 milhões para a aquisição de mais 15 elétricos articulados e 30 autocarros de motor elétrico, tendo na altura o presidente da Câmara, Fernando Medina, destacado o investimento de quase €100 milhões já efetuado na Carris desde 2017, ano em que a empresa foi municipalizada.
“Sabemos que em Lisboa, a maior parte das nossas emissões têm origem nos transportes, por isso temos de agir sobre os transportes. Temos uma estratégia forte para promover os transportes públicos. Cortámos nos tarifários e mesmo antes da covid aumentámos a procura em cerca de 30 por cento num só ano ao reduzirmos os tarifários dos transportes púbicos”, explicou à Euronews Miguel Gaspar, o vereador com a pasta da Mobilidade na Câmara Municipal de Lisboa.
O diretor da Agência Internacional de Energia está convicto de que a urgente aposta em fontes de energias limpas, como os painéis solares ou os parque eólicos, será também uma fonte de milhões de empregos e irá resultar no crescimento económico global.
Fatih Birol avisa que esta aposta precisa contudo de "ações fortes e credíveis" por parte dos governos, reforçadas por uma "grande cooperação internacional", para que o planeta consiga de facto entrar no caminho para um futuro mais saudável.