A cerca de quatro meses das eleições, o governo já ordenou a detenção de pelo menos 20 opositores e críticos do Presidente ao abrigo da chamada "lei da guilhotina"
A pouco mais de quarto meses das eleições na Nicarágua, o governo liderado pelo Presidente Daniel Ortega continua a perseguir e prender eventuais candidatos rivais, no âmbito de uma nova lei de segurança nacional aprovada em 2020.
O último a ser capturado pelas autoridades foi Miguel Mora, pré-candidato presidencial e também jornalista, que se junta a uma lista que inclui a principal opositora de Ortega, Cristiana Chamorro.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos está preocupada.
Filha de detido denúncia terrorismo
Cristian Tinoco é filha de Victor Hugo Tinoco, ex-vice presidente da Nicarágua e um dos já 20 opositores de Daniel Ortega detidos nas últimas semanas ao abrigo da nova "Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação pela Paz", também conhecida como "Lei 1055/2020" e apelidada de "lei da guilhotina".
Cristian acusa o Presidente de estar a recorrer a "terrorismo de Estado" contra os opositores e os críticos do governo.
A filha de Victor Hugo Tinoco, uma doente oncológica, detalhou aos jornalistas a forma como a polícia irrompeu pela casa da família para deter o antigo vice-presidente e ideólogo sandinista.
Também a organização não-governamental "Human Rights Watch" (HRW) acusa Ortega de perseguição aos opositores e a jornalistas, e exige à ONU maior pressão sobre o governo da Nicarágua, de onde, garante a ONG, quase 110 mil pessoas foram obrigadas a fugir desde 2018 por motivos políticos.
"Apoiando-se em medidas já adotadas pela ONU, é fundamental que o Secretário-Geral potencialize as ações da ONU e apresente a situação ao Conselho de Segurança", pediu José Miguel Vivanco, o diretor da HRW para as Américas.