Presidente eleito Alpha Condé foi detido por um grupo rebelde de militares, que ameaça dissolver o Governo e as instituições. Seleção de Marrocos apanhada no meio
Está em curso na Guiné-Conacri um golpe militar para depor o Presidente e dissolver o Governo. A seleção de futebol de Marrocos, onde se inclui o benfiquista Adel Taarabt, que deveria jogar esta segunda-feira no país, foi apanhada no meio e ficou retida num hotel
De acordo com as informações recolhidas pela agência France Press, um grupo rebelde de militares terá conseguido capturar e mantém detido o Presidente Alpha Condé, pouco mais de 10 meses após o governante ter sido reeleito para um terceiro mandato num escrutínio muito contestado.
O secretário-geral das Nações unidas já reagiu ao golpe militar em curso na Guiné-Conacri. "Condeno veementemente qualquer tomada do governo pela força das armas e apelo à libertação imediata do Presidnete Alpha Condé", escreveu o português António Guterres.
Cronologia das ocorrências
Este domingo, o centro da capital Conacri foi palco de um tiroteio numa zona próxima do palácio presidencial.
Algumas horas depois surgiu um comunicado pelo coronel Mamady Doumbouya, num vídeo registado por telemóvel e enviado à France Press.
"Após determos o presidente, que está connosco, decidimos dissolver a Constituição, as instituições e também decidimos dissolver o Governo", afirmou o coronel Mamady Doumbouya, acrescentando ter sido decidido pelo grupo rebelde também "o fecho das fronteiras terrestres e aéreas".
Foi ainda divulgado um outro vídeo de telemóvel, onde se vê o presidente Alpha Condé sentado ao lado de um soldado, que lhe pergunta se está a ser maltratado sem obter resposta.
Da parte do Governo, o Ministério da Defesa acusou "os insurgentes" de "semear o medo" em Conacri e garantiu que "a guarda presidencial, apoiada pelas forças de defesa e segurança, leais e republicanas, conseguiu conter a ameaça e impor a retirada do grupo atacante".
Alpha Condé foi, em 2010, o primeiro presidente eleito de forma democrática na Guiné Conacri. Em 2015, foi reeleito para um segundo mandato e, em outubro passado, para um terceiro, numas eleições controversas, com 59,5% do escrutínio logo na primeira volta.
Os dias e semanas seguintes ao último sufrágio ficaram marcados por muita violência nas ruas, com dezenas de mortos e a detenção de muitos opositores do Governo de Condé antes e depois da chamada às urnas.
Os tumultos estão agora de regresso à Guiné-Conacri pela ação de um grupo de militares, que entretanto ordenou um "recolher obrigatório em todo o país até nova ordem", ao mesmo tempo que pretende substituir os governadores e os autarcas por militares em todas as regiões, avançou a France Press.