Presidente continua a exonerar altos funcionários governamentais e analistas dizem que uma nova ditadura está em cima da mesa
Depois da destituição do primeiro-ministro da Tunísia e da suspensão do parlamento por um período de 30 dias, aumenta a tensão e a divisão na sociedade tunisina. Alguns aplaudem a destituição dos líderes governamentais e outros temem que o país esteja no caminho de uma nova ditadura.
Desde domingo e depois de uma jornada de protestos em todo o país, o presidente tunisino avançou com várias “medidas excecionais” que também envolveram o afastamento dos ministros interinos da Defesa e da Justiça. As medidas impostas por Kais Saied foram justificadas com a necessidade “de recuperar a paz social e salvar o Estado e a sociedade”. Muitos partidos falam em golpe de estado.
Rachid Ghannouchi, Líder do partido Ennahdha garante que a posição da maior parte do espectro político tunisino rejeita as medidas do presidente e exige de várias formas o regresso ao sistema democrático e ao compromisso com os princípios da revolução. “Não queremos um regresso ao despotismo ou ao governo de um só homem", defende Ghannouchi.
Esta semana, Saied reuniu-se com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Argélia e de Marrocos, num esforços para convencer os líderes regionais e mundiais de que as suas ações estão protegidas na constituição.
Mas a União Europeia e a maioria da comunidade internacional continuam cautelosas e a examinar de perto os próximos passos do presidente.
Nizar Makni, analista político e jornalista, acredita que os próximos dias serão muito difíceis, politicamente. Makni espera “que o presidente divulgue um roteiro detalhado sobre qual será a próxima etapa e novos decretos que responsabilizem os corruptos, bem como a restauração do caminho político”. O jornalista não tem dúvidas de que que haverá um novo palco político no país e que “uma nova ditadura está em cima da mesa".