Atentados de Paris em julgamento seis anos depois

Segurança reforçada junto ao tribunal de Paris
Segurança reforçada junto ao tribunal de Paris Direitos de autor AP Photo/Francois Mori
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De  Francisco Marques
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Ataques terroristas de 13 de novembro de 2015 dividiram-se por três locais e, no total, fizeram 130 mortos e mais de 350 feridos

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A França retoma esta quarta-feira o pesadelo de 13 de novembro de 2015. É o início do julgamento dos atentados terroristas contra o "Stade de France", esplanadas de cafés e a sala de concertos Bataclan.

Reivindicados pelo grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico, o Daesh, o ataque tripartido deixou 130 mortos e mais de 350 pessoas feridas, a maioria na sala de espetáculos onde decorria um concerto lotado dos americanos Eagles of Death Metal.

Com 20 arguidos, incluindo Salah Abdeslam, o único dos atacantes no terreno ainda vivo, este processo tem uma duração prevista de nove longos meses, incluindo a mais longa audiência criminal jamais organizada em França.

A leitura final da sentença está prevista para 24 ou 25 de maio de 2022.

Tudo para reconstruir os acontecimentos daquela noite de futebol e Rock’n’Roll em Paris, que acabou em sangue e terror. De quem estava nos locais atingidos e não só.

O bombeiro Christophe foi um dos primeiros a responder ao pedido de socorro oriundo do Bataclan. Quando chegou viu "cerca de 50 pessoas a fugir em todas as direções, a berrar, a gritar". "Havia muitas vítimas deitadas umas sobre as outras", recorda.

Os tiros começaram junto ao "Stade de France", o estádio nacional francês situado em Saint Denis, onde a seleção de futebol de França defrontava a Alemanha, num jogo particular.

Depois, houve disparos contra esplanadas repletas de gente nos 10.° e 11.° bairros do centro de Paris. Neste último situa-se a sala Bataclan, o último alvo dos terroristas. Ali decorria um concerto lotado da banda de Rock americana, Eagles of Death Metal.

As imagens deste último ataque são impressionantes. Sobretudo as registadas durante o ataque. Durante 20 minutos, os terroristas dispararam indiscriminadamente sobre a plateia do concerto.

Nos primeiros tiros, a banda ainda tocava e percebe-se nas imagens partilhadas na altura que inclusive os músicos em palco não se aperceberam logo do que se passava.

As vítimas, que o conseguiram, fugiram pelas janelas do edifício. Há imagens de dezenas de pessoas a saltar de janelas situadas a 3 ou 4 metros de altura.

Dentro da sala de concertos o cenário era de horror. Pessoas assustadas, muitos feridos e mortos espalhados pela plateia. Uns sobre os outros.

Christophe Molmy liderava as brigadas de busca e intervenção (BRI) mobilizadas para o ataque no Bataclan há quase seis anos.

“Foram os polícias que entraram com macas. No final, nem tínhamos macas suficientes. Tívemos de improvisar com as barreiras metálicas que havia no exterior para conseguir transportar as vítimas", recordou o antigo chefe das BRI.

O ex-polícia conta-nos que as vítimas foram levadas "para a rua": "Fizeram um corredor para permitir a saída dos feridos para aquilo a que chamamos de ponto de reagrupamento de vítimas, onde os bombeiros assistiam as pessoas, lhes davam os primeiros socorros e os enviavam para os hospitais.”

Foi uma noite de sexta-feira que se pensava ser de diversão para milhares de pessoas em Paris, mas que acabou em horror. Quase seis anos volvidos, esse ataque terrorista começa a ser julgado.

Outras fontes • AP, AFP

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