Poluição crónica nos Balcãs Ocidentais

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Estudo diz que centrais a carvão da região violam leis de poluição do ar e alerta para necessidade de ação dos governos

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Nos últimos anos, 19 mil pessoas perderam a vida nos Balcãs e arredores da Europa do Leste. Tudo por causa da poluição atmosférica provocada pelas centrais a carvão da região.

De acordo com um novo estudo do observatório Bankwatch e do Centro de Investigação sobre Energia e Ar Limpo, a situação na União Europeia está a melhorar à medida que os países dizem adeus às minas de carvão e implementam legislação sobre emissões industriais. Nos países vizinhos do bloco comunitário, porém, as coisas estão piores.

"Nos Balcãs Ocidentais, 18 centrais emitem agora mais dióxido de enxofre do que 221 centrais na União Europeia", sublinhou, em entrevista à Euronews, Pippa Gallop, da rede de organizações não-governamentais ambientais CEE Bankwatch.

O dióxido de enxofre é um gás tóxico altamente prejudicial para a saúde, em particular para as pessoas com doenças pulmonares.

O estudo "Comply or Close" revela que metade das mortes nos últimos três anos deve-se ao dióxido de enxofre presente na União Europeia. Itália está entre os países mais afetados, a par da Hungria e da Roménia.

Para Denis Žiško, que vive perto da central a carvão de Tuzla, na Bósnia-Herzegovina, a informação não é nova, mas as autoridades preferem fazer orelhas moucas.

"A questão é que a poluição atmosférica não conhece fronteiras. Lembro-me de quando houve discussões para construir a central a carvão de Ugljevik. A Hungria reclamou da poluição que chegaria ao seu território por causa da central. Por isso, não é um dado novo que essa poluição atravessa as fronteiras", lembrou Žiško, do Centro de Ecologia e Energia de Tuzla.

Denis Žiško espera que os governos dos Balcãs Ocidentais que ainda não o fizeram estabeleçam uma data para a eliminação urgente do carvão e que a União Europeia os pressione a fazê-lo.

Mas o observatório Bankwatch teme que esta não seja a prioridade de Bruxelas.

"Também é importante notar que a União Europeia está a negociar parte desta eletricidade com a região dos Balcãs Ocidentais. E, por isso, a União Europeia está, de certa forma, a beneficiar desta eletricidade barata que não paga os seus custos, que não cumpre a legislação. Se os países dos Balcãs Ocidentais desejam participar do mercado de eletricidade da União Europeia precisam de obedecer às regras e a União Europeia precisa intensificar as ações para garantir que isso acontece", acrescentou Pippa Gallop.

Significaria que a União Europeia usaria mais rigor e menos incentivos quando se tratasse de negociar com os parceiros dos Balcãs Ocidentais. Mas com as negociações de adesão ao bloco comunitário paralisadas, Denis Žiško não antevê mudanças tão cedo: "Parece que a União Europeia está especialmente satisfeita com o status quo. Estão dispostos a continuar a fornecer esta infusão para que este paciente quase morto continue a viver aqui porque não sabem como sair da confusão política que temos na Bósnia-Herzegovina."

Sobre esta matéria, a Comissão Europeia diz incentivar os Balcãs Ocidentais a estabelecerem uma data de eliminação progressiva do carvão como meio eficaz de reduzir as emissões. O executivo comunitário sublinha que para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, o mundo inteiro precisa começar a virar a página dos combustíveis fósseis.

As atenções estão agora voltas para o mês de outubro, altura em que decorre a cimeira UE-Balcãs Ocidentais.

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