A expressão define uma finta no futebol e foi aplicada aos compromissos do Brasil na COP26 em Glasgow. A floresta da Amazónia brasileira continua a desaparecer
O Brasil tem a segunda maior área florestal do mundo, mas só a Amazónia tem perdido, desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, cerca de 10 mil hectares por ano.
O Presidente e o ministro do Ambiente faltaram à cimeira de líderes da Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas, mas à distância comprometeram-se nesta cimeira do clima a cortar totalmente a desflorestação ilegal até 2030. Fica por saber, no entanto, quanta desflorestação está ou será legalizada para se continuar a transformar florestas em terrenos agrícolas ou de garimpo.
Durante a cimeira de líderes na COP26, sem a presença do governo federal, o Brasil fez-se representar em Glasgow por governos estaduais, ONG e pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.
Um dos deputados nessa câmara, Nilto Tatto, classificou como "pedalada climática" (termo usado no futebol para definir uma finta) os compromissos anunciados à distância pelo ministro do Ambiente do Brasil. O eleito trabalhista acusa o governo brasileiro de dizer uma coisa, mas estar a fazer tudo ao contrário.
"Estamos aqui para denunciar que o governo brasileiro vem fazendo tudo contrário ao que o próprio país já tinha assumido de compromissos climáticos", afirmou Nilto Tatto, em entrevsita concedida desde Glasgow ao portal "Mídia Ninja".
Um recente estudo publicado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (IMAZON) refere que, entre janeiro e setembro deste ano, a Amazónia perdeu quase nove mil quilómetros quadrados de floresta. É a maior desertificação neste período dos últimos 10 anos.
Só em relação ao mês de Setembro, o Pará, o estado mais atingido pela desflorestação na Amazónia, perdeu 39% da floresta.
Seis das 10 terras indígenas brasileiras mais atingidas pela desflorestação localizam-se no estado do Pará.