Consequências do tsunami gerado pela erupção do vulcão "Hunga Tonga-hunga"
Consequências do tsunami gerado pela erupção do vulcão "Hunga Tonga-hunga" Direitos de autor CPL Vanessa Parker/NZDF via AP
Direitos de autor CPL Vanessa Parker/NZDF via AP

Erupção do "Hunga Tonga-hunga": três mortos confirmados e receios de surto de Covid-19

De  Francisco Marques
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A erupção de sábado provocou um maremoto com danos ainda por apurar em Tonga. As ondas anormais atingiram também o Japão, os Estados Unidos, o Peru e até em Portugal se sentiram

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A erupção no oceano Pacífico seguida de tsunami fez pelo menos três mortos no arquipélago de Tonga, anunciou em comunicado o gabinete do primeiro-ministro local, Siaosi Sovaleni. Há muitos danos, a água potável começa a faltar e agora surgem também receios de um "maremoto de Covid-19" com a chegada da ajuda estrangeira..

O chefe de governo revelou que todas as casas na ilha Mango, onde residem cerca de 50 pessoas, foram destruídas e apenas duas casas resistiram na de Fonoifua. Este "desastre sem precedentes", como o primeiro-ministro descreveu a erupção, ainda pode vir a ter o balanço de vítimas agravado.

Curtis Tuihalangingie, descrito como um alto diplomata de Tonga em Camberra, na Austrália, manifestou à cadeia de televisão ABC o receio, agora, de "um 'tsunami' de Covid atingir" o arquipélago, onde até agora só foi diagnosticado um caso de infeção pelo SARS-CoV-2.

Os receios do diplomata estão relacionados com a iminente chegada a Tonga dos navios de ajuda enviados pela Nova Zelândia.

Na segunda-feira, a Austrália e a Nova Zelândia já conseguiram enviar aviões para a região com o objetivo de aferir as consequências da erupção do vlcão "Hunga Tonga-hunga", localizado a escassos 65 quilómetros de Nuku’Alofa, a capital de Tonga, situada na ilha de Tongatapu.

As primeiras imagens enviadas pelos aviões revelaram ilhas cobertas de cinzas e algumas zonas "devastadas" pelas ondas do maremoto.

As comunicações no arquipélago estão muito limitadas e a nuvem de fumo tem sido um obstáculo ao tráfego aéreo pela região, com diversos voos comerciais cancelados devido ao vulcão.

"Este é um acontecimento importante e a Nova Zelândia vai fazer tudo o que puder para oferecer apoio e assistência", expressou Nanaia Mahuta, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Nova Zelândia de origem mahori.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, fala de "momentos muito desafiantes" com "as comunicação profundamente afetadas pela erupção vulcânica, sentida também noutras partes da região".

"Aqui, na Austrália, sentimos os efeitos na costa, mas sentiu-se sobretudo nas ilhas Fiji”, destacou Payne.

Planet Labs PBC via AP
O antes e o depois da erupção no litoral da ilha de Tongatapu, onde se localiza a capital de TongaPlanet Labs PBC via AP

O vulcão submarino "Hunga Tonga-Hunga" estava em atividade já há algumas semanas, mas a erupção de sábado foi enorme e sentida por toda a região.

Até em Portugal, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) detetou as oscilações marítimas provocadas pela erupção, registada em vídeo via satélite.

"Os sinais atmosféricos da explosão foram registados pouco depois das 00h do dia 16 de janeiro de 2022, tendo nas horas seguintes sido observadas alterações no nível do mar. O sinal de maior amplitude, cerca de 40cm, foi registado em Ponta Delgada, Açores, tendo o fenómeno sido observado na ilha da Madeira (20cm medidos no Funchal) e no Continente, aqui genericamente os valores foram inferiores a 20cm com exceção de Peniche, onde foram medidos 39cm", lê-se na nota publicada pelo IPMA.

O tsunami gerado teve um impacto devastador em Tonga, ainda por avaliar na real amplitude, mas também provocou estragos no Japão e na Nova Zelândia, onde as marinas junto à costa marítima foram atingidas e alguns barcos afundaram.

As ondas geradas inundaram também partes da costa este dos Estados Unidos. Um parque de estacionamento em Santa Cruz, na Califórnia, foi alagado por momentos, depois a água recuou de novo para o mar antes de o inundar uma segunda vez quase de imediato, em consequência do pequeno tsunami gerado em Tonga.

No Peru, na costa ocidental da América Sul, a cerca de 10 mil quilómetros do vulcão, houve pelo menos duas mortes relacionadas a "ondas anormais" e mais de vinte pessoas tiveram de ser socorridas ao longo a costa.

As autoridades peruanas, ainda assim, descartaram o alerta de tsunami no litoral do país e não relacionam os óbitos à erupção do vulcão de Tonga.

O litoral peruano foi também afetado por uma maré negra devido ao derrame de crude numa refinaria da Repsol, que provocou graves danos ambientais. As ondas geradas pela erupção em Tonga estão a ser apontadas como causa do acidente. Uma investigação foi aberta.

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AP Photo/Martin Mejia
Maré negra no PeruAP Photo/Martin Mejia

Nas ilhas Fiji, entretanto, foi emitido um aviso para a passagem pelo arquipélago de uma depressão, que inclui fortes chuvas, inclusive com ameaça de inundações em algumas regiões.

Outras fontes • AFP, AP, IPMA

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