Thierry Breton: Banda larga por satélite para a Europa e África

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De  Gregoire Loryeuronews
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Em entrevista, à euronews o comissário europeu para o mercado interno, Thierry Breton, falou no desenvolvimento de uma ligação de baixo custo graças aos satélites que poderá servir a Europa e África.

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A euronews falou com o Comissário Europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, sobre a soberania industrial, económica, digital e espacial da Europa e sobre um projeto de ligação Internet de banda larga por satélite que pode beneficiar a Europa e África.

euronews: "O que representa o setor do Espaço em termos de mercado, desenvolvimento tecnológico e defesa para a Europa? “

Thierry Breton: “Deixe-me lembrar que a Europa é uma grande potência espacial. Temos alguns dos melhores atores do mundo, tanto ao nível dos lançadores como dos satélites, e temos muitas start-ups. Mas por detrás do espaço, há uma área onde há cada vez mais concurrência. É uma área estratégica que deve ser protegida e defendida pelos europeus, como ficou claro, recentemente, com um lançamento de satélite que deixou destroços por todo o lado e que, podia ter posto em perigo as nossas próprias constelações soberanas, em particular, constelações que são extremamente úteis para a nossa vida quotidiana: o sistema Galileo, e o programa Copernicus. Para os nossos telespetadores, o Galileo é o que nos permite a geolocalização por satélite. Temos a constelação mais eficiente do mundo, mas não a conhecemos. Usamos frequentemente a palavra GPS, mas é o Galileo o mais eficiente. Fornece todos os sistemas de posicionamento por satélite na Europa, e noutros países, e é o mais preciso do mundo. Queremos manter esse avanço. É muito importante para os veículos ligados à internet, os veículos autónomos e para todas as atividades, incluindo as dos nossos smartphones, na vida quotidiana, hoje em dia. O Copernicus permite-nos ver a partir do espaço o que está a acontecer. Com imagens, mas em breve também com muitas outras coisas: radares, detecção de emissões de CO2. Há muitas coisas que podemos ver do espaço. Por isso, eu diria que temos duas constelações de satélites soberanos, que nos permitem proteger o nosso espaço. Mas temos de ir mais longe, porque estão a acontecer muitas coisas no espaço. É uma área que temos de defender. É um espaço de soberania e de autonomia. Inclui aspectos de defesa e militares, que são também importantes para nós. Como podemos ver ha muitas implicações ao nivel da atividade industrial, da ciência, das nossas atividades no mundo digital e e da defesa, que sao importantes para nós".

Queremos oferecer aos nossos amigos africanos uma ligação à Internet de baixo custo em todo o continente africano.
Thierry Breton
Comissário Europeu para o mercado interno

euronews : "Em que consiste a estratégia espacial que a Comissão deverá apresentar no próximo mês?"

Thierry Breton: Antes de mais, temos de ter acesso ao espaço. Para sermos autónomos. Temos empresas muito grandes, obviamente, temos lançadores como o Ariane e o Vega. Por isso, temos de continuar. Obviamente, vamos continuar a apoiar estes desenvolvimentos. Temos também de avançar para tecnologias reutilizáveis e ter lançadores de grande dimensão. É algo que vamos continuar a apoiar. É muito importante. Temos um verdadeiro know-how. E depois há também os lançadores mais pequenos, os micro lançadores. Vamos ter constelações de satélites com pequenos satélites. Ou seja, há novas necessidades que estão a surgir. Mas o acesso ao espaço e a autonomia ao nível do acesso ao espaço são absolutamente essenciais para nós. A estratégia é continuar a evoluir. Falei há pouco do sistema de posicionamento por satélite Galileo. E há uma nova geração de satélites que vão oferecer serviços ainda mais precisos. No caso dos veículos ligados à internet, uma precisão de 10 centímetros pode causar grandes problemas. É preciso trabalhar ao nível dos centímetros, é o que vamos fazer com as novas gerações do Galileo. Mencionei o programa Copernicus há pouco, vamos continuar a desenvolvê-lo. 

Ligações de banda larga na Europa e em África

Thierry Breton: "Há novas necessidades. Estamos a trabalhar numa constelação, numa ligação por satélite, que, graças às novas tecnologias de satélite LEO, vai poder oferecer ligações de banda larga, em toda a Europa. é ago muito importante porque ainda há zonas brancas na europa, e permite aumentar a capacidade como vimos durante o confinamento, atingimos um limite em certos locais do nosso continente porque toda a gente estava em casa a usar a Internet, muito mais do que o necessário, e as redes não foram concebidas para isso. Estivemos perto de catástrofes. Devemos reforçar a segurança das nossas infraestruturas de banda larga, incluindo o espaço, se alguma vez houver ataques, o que pode acontecer, particularmente em termos de segurança cibernética. Mas também sabemos que temos de começar a pensar na segurança. é muito importante, a segurança da rede de comunicação, da Internet e das tecnologias quânticas, as novas gerações de tecnologias de criptologia que vao permitir-nos ter um nível máximo de segurança. Serão transportados por esta constelação em órbita baixa. O último aspecto desta constelação é que, sendo uma constelação Norte-Sul, poderemos também pulverizar, como dizemos no nosso jargão, o continente europeu, obviamente, mas também o continente africano, como é uma órbita Norte-Sul, queremos oferecer aos nossos amigos africanos uma ligação à Internet de baixo custo em todo o continente africano. Este é o segundo aspeto. Depois há um terceiro aspecto, o das startups. Queremos inovar, queremos irrigar este ecossistema. A quarta dimensão é uma dimensão militar, como mencionei anteriormente. É cada vez mais importante e é um problema de soberania. Garantir que protegemos o que acontece no nosso espaço. Claro que podemos monitorizá-lo, mas não devemos ser ingénuos, devemos também ver o que se passa, incluindo a gestão de destroços, a chamada gestão do tráfego espacial. São as quatro dimensões que são muito importantes e que vamos aprofundar em Toulouse no próximo mês.

Tudo o que é proibido na vida física também deve ser proibido nos espaços digitais, no espaço de informação. O que implica (...) garantir que há uma lei que pode ser aplicada
Thierry Breton
Comissário Europeu para o mercado interno

euronews : “Passemos às plataformas digitais. Há pouco mais de um ano, apresentou propostas. O Parlamento Europeu também tomou uma posição. Está confiante quanto ao conteúdo final desses textos e à sua aplicação em breve?”

Thierry Breton: “Antes de mais, é um grande momento, os meus serviços elaboraram propostas há um ano. E um ano depois, o que equivale a pouco tempo no quadro das instituições europeias e do diálogo democrático entre os co-legisladores, o Conselho votou os dois textos. A lei dos mercados digitais (Digital Markets Act), que regula o aspecto económico das plataformas, e a lei dos serviços digitais (Digital Services Act), que regula a nossa vida nessas plataformas. Por outras palavras, tudo o que é proibido na vida física também deve ser proibido nos espaços digitais, no espaço de informação. O que implica recuperar o espaço informativo, o espaço da Internet, garantir que há uma lei que pode ser aplicada e que as plataformas não podem fazer o que quiserem, são controladas, e ao mesmo tempo, preservamos, obviamente, a liberdade de expressão. Encontrámos um equilíbrio. Isto mostra que os co-legisladores, os Estados-Membros, por um lado, e o Parlamento, por outro, apoiaram esta proposta da Comissão. Os textos que foram votados estão muito próximos da minha proposta e da das minhas equipas e isso é muito bom. Estou confiante que, com a Presidência francesa, seremos capazes de encontrar um compromisso que nos permita a entrada em vigor destes regulamentos o mais rapidamente possível. É a nossa vida que está em jogo, neste espaço de informação, é a nossa segurança, a segurança dos nossos filhos. Por isso é uma questão urgente. Mas a Europa criou as condições para responder a esta emergência. Somos o primeiro continente a fazê-lo".

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