Presidente e primeira-ministra tentam dar a volta à maioria relativa e garantir a aprovação do governo. Mélenchon promete moção de censura em julho.
Um quebra-cabeças político: É o que espera o presidente francês Emmanuel Macron e a primeira-ministra Elisabeth Borne, na ressaca das eleições deste domingo em que a coligação "Ensemble" (Juntos), encabeçada pelo partido do presidente, perdeu a maioria absoluta.
A coligação presidencial fica com 245 deputados na nova Assembleia. As duas sensações destas legislativas foram, por um lado, a coligação NUPES, que junta vários partidos de esquerda e conseguiu 131 lugares e, por outro, a União Nacional de Marine Le Pen, que ganha a maior representação de sempre, com 89 deputados.
Se a NUPES ficou em segundo, é o partido de Le Pen que assume o lugar de maior da oposição, tendo em conta apenas os partidos individuais. Para evitar que isso aconteça, Jean-Luc Mélenchon, líder do partido "França Insubmissa", maioritário na coligação de esquerda, tem uma solução: "A NUPES deve constituir-se como um grupo parlamentar único, para evitar discussões sobre quem lidera a oposição no país", diz.
Mas essa opinião está longe de fazer unanimidade no seio da coligação: Os parceiros socialistas, comunistas e verdes não estão de acordo e querem formar grupos parlamentares à parte.
Macron vai tentar um acordo, provavelmente com as forças do centro-direita, para conseguir manter o atual governo, mas isso não está garantido, já que há divisões na principal formação desta área, "Les Républicains" (Os Republicanos). O líder do partido, Christian Jacob, está contra este entendimento, enquanto figuras como o ex-ministro Jean-François Copé se mostraram a favor.
O ministro do Interior Gérald Darmanin, reeleito deputado, mostra-se confiante, mas não escondeu a deceção: "O importante é saber ouvir o povo quando se expressa em democracia, e ouvir com humildade", disse à chegada à Assembleia Nacional, esta segunda-feira.
Mélenchon não está disposto a dar hipóteses a Macron e prometeu já uma bomba parlamentar - uma moção de censura ao governo - assim que o plenário se reunir, no próximo mês. Esta segunda-feira, os recém-eleitos na Assembleia, uns para conhecer os cantos à casa, outros para reencontrar um ambiente já familiar.