O Ensemble! conseguiu eleger 245 deputados, mas precisava de pelo menos 289 para uma maioria absoluta. Da extrema-esquerda à extrema-direita, Mélenchon e Le Pen passam a liderar a oposição.
A coligação de partidos que apoia Emmanuel Macron saiu vencedora das legislativas deste domingo, mas a noite acabou por saber a derrota ao presidente francês.
À segunda volta das eleições, de acordo com a informação do ministério francês do Interior divulgada durante a madrugada, o Ensemble!, de Macron, garantiu apenas 245 assentos parlamentares, um número aquém dos 289 deputados necessários para uma maioria absoluta.
Assembleia Nacional com configuração inédita
O hemiciclo reconfigura-se, com a oposição a ganhar terreno, à extrema-direita e à esquerda, distribuída por um total de 10 forças políticas com representação parlamentar.
A distribuição de forças, inédita no parlamento, vai obrigar o governo a uma nova forma de agir, tal como reconheceu a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne.
Após a divulgação dos resultados, Borne sublinhou que "nunca antes a Assembleia Nacional conheceu tal configuração sob a Quinta República" e que a atual "situação constitui um risco para o nosso país, tendo em conta os desafios que temos de enfrentar, tanto a nível nacional, como internacional", comprometendo-se a trabalhar na construção de uma maioria de 'ação'".
Sob a liderança de Jean-Luc Mélenchon, a Nupes, uma aliança entre esquerda, extrema-esquerda e ecologistas, assume-se agora como principal força da oposição, com 131 deputados.
Mas, apesar da derrota eleitoral, ao final da noite, e ainda com votos por contar, o discurso do líder esquerdista era de vitória.
"É no final de contas e antes de mais nada, o completo fracasso do partido de Macron, um fracasso moral dos que deram lições a todos, sem parar, e disseram que seriam a barreira para a extrema direita, quando o principal resultado foi reforçarem-na", afirmou Mélenchon.
Do 8 ao 80, mais concretamente com 89 deputados, Marine Le Pen vê o União Nacional a chegar a terceira força política no parlamento, com um objetivo bem definido, tal como proferiu após a distribuição de forças no parlamento francês ser conhecida:"fazer de Emmanuel Macron um presidente minoritário para proteger o país do reinado de um único partido e de um presidente sem controlo no exercício do poder".
Outro dos vencedores da noite e uma derrota para a democracia foi a abstenção, 53% dos eleitores franceses não foram votar.