Os desafios de Emmanuel Macron nas Legislativas de França perante Marine Le Pen

Dois meses após as presidenciais, a França vai ser de novo chamada às urnas para eleger um novo Parlamento, num escrutínio não vinculativo para a formação de governo, mas que pode limitar o poder de Emmanuel Macron.
Reeleito em abril, o Presidente francês enfrenta agora o desafio de manter o respetivo partido, antes nomeado República em Marcha e agora Renascimento, com a maioria parlamentar. Sobretudo perante o crescimento da extrema-direita, mas também com a nova coligação de esquerda liderada por Jean-Luc Mélenchon, o terceiro mais votado nas presidenciais.
Em Balagny-sur-Thérain, no departamento de Esa (Oise, em francês), nos Altos da França, Marine Le Pen conseguiu 70% dos votos em abril. A poucos dias das Legislativas (12 e 19 de junho), a Euronews visitou esta localidade onde a extrema-direita se apresenta forte e falou com dois eleitores que se dizem esquecidos por Macron, um deles cabeleireiro e o presidente da Junta de Freguesia local.
"Porque é que votaram nele? Porque ele se livrou do imposto sobre os ricos, foi por isso, mas nós não. Aqui não há grandes fortunas", referiu o cliente de Philippe Maréchal que encontrámos no salão do autarca.
Já o 'maire' de Balagny-sur-Thérain gostaria "que os políticos se aproximassem e se preocupassem mais com a vida dos cidadãos franceses, não tanto com as grandes empresas". "Mas nós somos pequenos", lamentou Philippe Maréchal.
Esa, a norte de Paris, é um dos 30 departamentos franceses onde Marine Le Pen venceu em abril. O partido que ela lidera, o União Nacional, tem menos de uma dezena de deputados, mas ambiciona acentuar a presença no Parlamento, como referiu à Euronews o candidato aliado de Marine Le Pen por Esa.
"As pessoas não querem deixar as mãos livres a Macron para um segundo mandato, por isso acredito que vamos ter uma surpresa ao nível da participação e que vamos ter 60 ou até, quem sabe, 100 deputados da União Nacional eleitos desta vez", afirmou Alexandre Sabatou, da União Nacional.
O objetivo do partido de Marine Le Pen em Esa passa por derrotar Pascal Bois, o deputado eleito naquele departamento pelo partido de Macron.
Durante os debates sobre o certificado da vacina anticovid, a residência de Pascal Bois foi incendiada. Nada a ver com a União Nacional, assegura o deputado do República em Marcha/Renascimento, deixando no entanto um aviso sobre as forças políticas mais radicais.
"Se falamos de extremos, temos por exemplo a União Nacional, que assume abertamente não pretender necessariamente o poder. Se não querem o poder, o que pretendem? Apenas bloquear, 'surfando' pelas inquietudes, o medo e tornando a sociedade mais ansiosa", argumenta Pascal Bois.
O enviado especial da Euronews a Balagny-sur-Thérain conta-nos que, "de acordo com as sondagens, a União Nacional pode conseguir entre 15 e 45 dos 577 assentos no Parlamento francês".
"O partido presidencial 'Renascimento' mantém o favoritismo, à frente da união das esquerdas, a NUPES", concretiza Cyril Fourneris.