Eliud Kipchoge: "A minha ambição é fazer deste mundo um mundo de corrida"

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O atleta queniano Eliud Kipchoge foi galardoado com o Prémio Princesa das Astúrias do Desporto.

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A euronews entrevistou o atleta queniano Eliud Kipchoge, um dos melhores desportistas do mundo, que acaba de ser galardoado com o prémio Princesa das Astúrias do Desporto.

Euronews: "O que sentiu quando soube que tinha sido distinguido com o prémio Princesa das Astúrias do Desporto?"

Eliud Kipchoge : “Fiquei muito impressionado ao saber que fazia parte de um pequeno grupo de premiados. Especialmente na minha área, o desporto. E especificamente na corrida".

Euronews: Foi descrito de várias formas e como sendo uma dádiva para o desporto e para a humanidade. Há quem diga que é a união perfeita entre a mente e o corpo. O que sente quando ouve estas descrições sobre si e a sua ilustre carreira?

Eliud Kipchoge: "Sinto-me muito motivado. Sinto-me inspirado pelo facto de ter sido poupado de alguma forma neste universo. É uma grande motivação. Vivemos neste planeta, o planeta pertence-nos a todos, e temos de inspirar toda a gente neste mundo. Precisamos de viver em harmonia, em paz. Precisamos de desfrutar da vida neste mundo. E espero estar a trabalhar para essa finalidade.

A minha ambição é correr e continar a correr. Fazer deste mundo um mundo de corrida".
Eliud Kipchoge
atleta queniano premiado com o prémio Princesa das Astúrias do Desporto

Euronews: "É esse o segredo do seu sucesso? O desejo de querer inspirar os outros porque está no topo há 20 anos? Em qualquer área, é notável".

Eliud Kipchoge: "O verdadeiro sucesso é dominar o que fazemos. Dei-me conta de que à medida que progrido, inspiro cada vez mais pessoas, transmito cada vez mais energia positiva às crianças. Isso talvez inspire as pessoas a sairem de casa de manhã e a correrem".

Euronews: "É conhecido por imensas razões: títulos olímpicos, títulos de campeão do mundo e recordes de maratona. Recentemente, em 2019, foi a primeira pessoa na Terra a correr uma maratona em menos de 2 horas. O que sente em relação a isso?"

Eliud Kipchoge, atleta queniano galardoado com o Prémio Princesa das Astúrias do Desporto
Eliud Kipchoge, atleta queniano galardoado com o Prémio Princesa das Astúrias do DesportoEuronews

Eliud Kipchoge: “É uma ótima sensação marcar a história. Esse segundo quer dizer que não há limites para a humanidade. Por isso, digo sempre que nenhum ser humano é limitado. Por isso, mostro às pessoas que não é preciso ser um verdadeiro corredor profissional para quebrar os seus limites. Podemos fazê-lo como professor, pedagogo, engenheiro ou advogado, mas, é preciso quebrar o nosso próprio círculo limitado neste mundo para poder desfrutar da vida. Acredito que a vida consiste em desafiarmo-nos a nós próprios. Acredito que a vida é dormir toda a noite e, de manhã, olhar para cima, e ver um novo dia a chegar, com um novo desafio, lidar com esse desafio e avançar".

Euronews: "Como se sentiu depois de ter batido esse recorde e de as autoridades olímpicas e atléticas mundiais não o terem reconhecido?"

É preciso quebrar o nosso próprio círculo limitado neste mundo para poder desfrutar da vida"
Eliud Kipchoge
atleta queniano, galardoado com o prémio Princesa das Astúrias do Desporto

Eliud Kipchoge: "Eu não estava a concorrer para um organismo de atletismo. Estava a ajudar a família humana. Sentia-me confiante de que os seis mil milhões de seres humanos respeitariam a minha realização. O mais importante não é ser premiado como detentor de um recorde, é fazer história e mudar o mundo. Estou feliz por ter feito história neste desporto. Estou feliz porque mostrei às pessoas que nada é permanente neste mundo. Estou feliz porque dei um pouco de inspiração a muitos milhares de milhões de pessoas neste mundo".

Em 2019, Eliud Kipchoge foi a primeira pessoa na Terra a correr uma maratona em menos de 2 horas
Em 2019, Eliud Kipchoge foi a primeira pessoa na Terra a correr uma maratona em menos de 2 horasEuronews

A utilidade das "super sapatilhas"

Euronews: "Uma das razões que explicam a controvérsia prende-se com as sapatilhas que neste momento talvez esteja a usar, as chamadas "super sapatilhas", que foram usadas por muitos atletas nos últimos anos, e que bateram recordes. O seu próprio recorde da maratona foi batido no início deste mês. Está a planear recuperá-lo?"

Eliud Kipchoge: "Continuo a ter vontade de correr depressa e mostrar ao mundo que consigo correr depressa. Continuo a ter vontade de mostrar aos jovens, à proxima geração que ainda quero continuar a correr mais tempo. A longevidade é a chave no desporto, a longevidade é a chave em qualquer profissão. E os recordes existem para serem batidos. Isso mostra a beleza do desporto e mostra que alguém, algures, está a trabalhar para alcançar esse objetivo".

Euronews: "Para as pessoas que não conhecem as 'super sapatilhas', pode dizer-nos como funcionam?"

Eliud Kipchoge: “As super sapatilhas funcionam. Evitam o impacto do asfalto ou do alcatrão nos músculos. O objetivo da corrida é cuidar dos músculos. O objetivo da empresa que as criou é garantir que as pessoas permaneçam em forma, e, ao, mesmo tempo, que cuidem dos seus músculos".

A educação é o que faz com que nos misturemos com as pessoas. Leva-nos a desenvolver uma consciência maior e a trabalhar para tornar o mundo mais pacífico.
Eliud Kipchoge
atleta queniano galardoado com o Prémio Princesa das Astúrias do Desporto

FundaçãoEliud Kipchoge** apoia ambiente e educação**

Euronews: "Longe da pista e da estrada, como é que lida com a fama e a fortuna?"

Eliud Kipchoge: “Em primeiro lugar, olho para mim como um ser humano. Sei que a fama e a fortuna são coisas que colho quando elas chegam. Agradeço a fama e a fortuna. E uso a fama e a fortuna para inspirar os jovens".

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Euronews: "Sei que investiu grande parte da fama e da fortuna na sua fundação. Como é que esse projeto começou, quais são os objectivos e as realizações da fundação?"

Eliud Kipchoge: "Uma dia, estava sentado a pensar nas minhas origens e no facto de ter tido uma educação limitada. O que nos impediu de prosperar foi a dificuldade de alcançar algo que nos permitisse ter uma boa educação. Sei que, a nível desportivo, precisamos de ter um ar de qualidade. Por isso, vieram-me à cabeça duas coisas: a conservação do ambiente e a educação. Criei a Fundação Eliud Kipchoge, dedicada exclusivamente a esses dois objetivos: a educação e o cuidado com o nosso planeta. Acredito que a educação é a chave para dar oportunidades às pessoas em todo o mundo. A educação é o que faz com que nos misturemos com as pessoas. Leva-nos a desenvolver uma consciência maior e a trabalhar para tornar o mundo mais pacífico. Por isso, a minha fundação está a construir creches e bibliotecas para que as crianças pequenas possam ter uma boa base e ter acesso ao conhecimento".

Euronews: "O que ambiciona para o seu futuro?"

Eliud Kipchoge: "A minha ambição é correr e continar a correr. Fazer deste mundo um mundo de corrida. Se todas as pessoas puderem correr, poderemos ter um mundo mais feliz e pacífico. Podemos unir-nos e desfrutar deste mundo".

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