O presidente venezuelano propõe acordos regionais de segurança, numa altura em que as tensões com os EUA aumentam e se agrava uma crise que levou as companhias aéreas Plus Ultra e Laser a abrir uma rota alternativa entre Madrid e Caracas.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, propôs nesta sexta-feira aos países vizinhos a celebração de acordos que permitam a realização de operações conjuntas de segurança cidadã, assegurando que o país conseguiu desmantelar "todos" os gangues criminosos, incluindo o “El Tren de Aragua”, organização que a Administração Trump tem como alvo.
“A Venezuela construiu um sistema de polícia profissional, científico e exemplar, e o coloca à disposição dos países vizinhos para que possam firmar acordos, quando quiserem, de troca de informações e operações conjuntas”, declarou Maduro durante a inauguração da sede da Academia do Serviço da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), segundo a imprensa local.
O presidente também assegurou que a Venezuela é uma "garantia de segurança" no continente e voltou a criticar o destacamento militar dos EUA nas Caraíbas, que qualificou de "desproporcionado" e "ilegal". Washington afirma que a sua presença tem objetivos de luta contra o narcotráfico, enquanto Caracas denuncia uma campanha destinada a provocar uma mudança de governo.
Maduro apelou ainda às forças policiais para que estudem "todas as formas de luta armada popular" e mantenham "um plano ofensivo permanente" para garantir a paz nos próximos meses, ao mesmo tempo que exortou os cadetes a apresentarem propostas no prazo de 24 horas para reforçar a estratégia de segurança.
Ligação aérea alternativa do Plus Ultra e do Laser
No meio da escalada de tensões e após a cascata de cancelamentos de voos internacionais, as companhias aéreas Plus Ultra e Laser coordenaram uma rota alternativa entre Madrid e Caracas com escala em Cartagena das Índias, dada a impossibilidade de manter voos diretos devido aos alertas da Administração Federal de Aviação (FAA) e da Agência Espanhola de Segurança Aérea (AESA) sobre a segurança do espaço aéreo venezuelano.
A Laser explicou, através de um comunicado divulgado no Instagram, que esta opção funcionará como "uma ligação alternativa" para os passageiros com reservas confirmadas, enquanto a Plus Ultra explicou que a operação será efetuada "em ligação interline" e que a disponibilidade deve ser consultada junto do seu centro de atendimento.
O itinerário prevê um voo Madrid-Cartagena operado pela Plus Ultra e duas ligações Cartagena-Caracas operadas pela Laser, um esquema que se repetirá no sentido inverso. A medida surge depois de o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC) da Venezuela ter revogado a concessão de várias companhias aéreas estrangeiras que não retomaram os seus voos dentro do prazo exigido pelo governo de Maduro.
“Não há motivo para alarme” diz Paulo Rangel
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, revelou esta sexta-feira à SIC, em Nova Iorque, que falou com as autoridades norte-americanas sobre a situação na Venezuela - a quem pediu um olhar atento para a comunidade portuguesa e uma solução dialogada para as tensões -, e diz que não há motivos para alarme.
Garantiu, no entanto, que Portugal “tem planos de contingência” preparados, embora, acrescentou, não se justifique “falar neles” neste momento.
Os consulados-gerais de Portugal nas cidades venezuelanas de Caracas e Valência disponibilizaram no sábado canais telefónicos de emergência para os portugueses radicados na Venezuela, com o propósito de garantir proteção e assistência aos compatriotas.