Em Jerusalém, Merz renova a solidariedade da Alemanha para com Israel, mas sublinha também que a guerra de Gaza exigiu compromissos difíceis. Ao mesmo tempo, o Qatar fala de uma fase delicada da diplomacia no âmbito do acordo de paz.
O chanceler federal Friedrich Merz chegou a Jerusalém no sábado à noite. O seu primeiro compromisso foi uma receção com o presidente Isaac Herzog, na qual reafirmou o compromisso contínuo da Alemanha com Israel.
Ao mesmo tempo, Merz admitiu que as ações do exército israelita na guerra de Gaza colocaram a Alemanha perante "alguns dilemas". A Alemanha reagiu a esta situação, referindo-se à restrição temporária do fornecimento de armas a Israel.
Durante a primeira paragem da viagem, na Jordânia, o chanceler já tinha sublinhado que a situação humanitária da população civil na Faixa de Gaza tem de melhorar significativamente. "É necessária mais ajuda humanitária antes do inverno", afirmou após conversações com o rei Abdullah II em Aqaba.
Merz sublinhou ainda que a evolução da situação na Cisjordânia também está a ser acompanhada de perto. "Temos de manter aberta a via para a criação de um Estado palestiniano. É por isso que não deve haver passos de anexação na Cisjordânia".
No entanto, "não há diferenças de princípio", disse o chanceler federal no seu encontro com Herzog. "Israel tem o direito de se defender", acrescentou.
"Reforçar os laços entre os dois países"
Como sinal de solidariedade, o chanceler Merz assinou o livro de visitas do Gabinete do Presidente em Jerusalém. O chanceler descreveu a "amizade entre a Alemanha e Israel" como "um grande tesouro" e recordou que, mesmo oito décadas após a Shoah, era "nossa responsabilidade reforçar os laços entre os nossos países de geração em geração". Merz escreveu ainda: "Por profunda convicção, estou preparado para desempenhar o meu papel nesta responsabilidade, juntamente convosco". Merz expressou a sua "profunda gratidão" pela estreita relação com o presidente Herzog.
Conversações num "momento crítico"
De acordo com declarações recentes do Qatar, a viagem de Merz ocorre num momento particularmente sensível. O primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, afirmou, durante um painel de discussão no Fórum de Doha, que, apesar de a violência na Faixa de Gaza ter diminuído visivelmente, ainda não era possível falar de um cessar-fogo completo.
Para isso, as tropas israelitas teriam de ser completamente retiradas e a liberdade de circulação da população teria de ser restabelecida. Até à data, não foi isso que aconteceu.
Prosseguem também as conversações sobre a aplicação do plano apresentado pelos EUA para pôr termo à guerra de dois anos em Gaza. Está previsto um governo de transição palestiniano, que deverá ser acompanhado por um "conselho de paz" internacional e apoiado por uma força de segurança internacional. Na quinta-feira, no Cairo, uma delegação israelita negociou a libertação imediata do último refém detido na Faixa de Gaza — um passo fundamental no plano dos EUA.
Combates em curso
Os combates continuam a decorrer na Faixa de Gaza. De acordo com as Forças Armadas israelitas, cerca de 40 combatentes do Hamas foram mortos durante uma operação em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. As forças informaram que os homens estavam presos num sistema de túneis. Representantes israelitas e norte-americanos presumem que cerca de 200 combatentes se encontravam aí escondidos há meses. De acordo com os meios de comunicação social israelitas, alguns deles vieram à superfície e foram mortos em combates com soldados israelitas ou renderam-se.
De acordo com fontes israelitas, pelo menos três comandantes locais e o filho do exilado oficial do Hamas, Ghasi Hamad, estão entre os mortos. Informadores próximos do Hamas confirmaram a morte de outro comandante, Mohammad al-Bawab.