Será que após cinco anos de mandato, a herança económica de Hollande é tão má como pintam os críticos?
Emprego, direitos sociais, poder de compra: a economia é a principal preocupação dos eleitores franceses a menos de um mês da primeira volta das presidenciais.
François Hollande vai deixar o palácio do Eliseu em maio com o triste epíteto de o mais impopular presidente da história recente. Mas será que após cinco anos de mandato, a herança económica de Hollande é tão má como pintam os críticos?
O crescimento foi anémico ao longo do mandato e depois de um pico em 2015, voltou a abrandar no ano passado para 1,1%.
O défice tem vindo a ser reduzido mas continua acima do exigido pelo pacto de estabilidade. Apesar disso, sanções europeias, nem vê-las. Foi de 3,4%, em 2016, quando devia ser inferior a 3%.
A dívida pública não parou de aumentar e atingiu 96% do PIB em 2016.
Os salários em França têm crescido muito moderadamente, mas os ganhos perdem-se por causa do aumento da inflação e dos impostos. O poder de compra das famílias voltou a recuar ligeiramente (-0,1%) no último trimestre do ano passado.
Por outro lado, as empresas começam a beneficiar de um alívio da carga fiscal e 2017 tem trazido boas notícias para a indústria, com o ritmo de crescimento em França, segundo o índice PMI de março, a ultrapassar o da Alemanha, no que foram os últimos dados antes das eleições.
Nas previsões de crescimento do PIB para este ano, o governo é, como sempre, mais otimista que o banco de França e a Comissão Europeia.
No défice, Bruxelas espera que Paris entre na linha (2,9%), mas nem o Banco de França acredita (3,1%).
A dívida pública promete continuar a crescer 96,7% do PIB.
A criação de emprego foi uma aposta pessoal do Presidente:
“Comprometi-me pessoalmente – alguns dizem precipitadamente, para não dizerem imprudentemente – com o objetivo de inverter a curva do desemprego. Mantenho esse compromisso. Essa é a linha que dei ao governo”, afirmou Hollande em maio de 2013.
Uma linha que andou aos altos e baixos e na qual a França acaba por apresentar resultados bem piores do que outras potências, como a Alemanha, o Reino Unido e a França. Em 2016, o desemprego ficou nos 10% no conjunto dos territórios franceses, sensivelmente o dobro do Reino Unido e uma taxa mais de duas vezes superior à registada na Alemanha e nos Estados Unidos da América.
Hollande deixa assim um quadro meio sombrio ao sucessor e a confirmação ou não das previsões para 2017 vai depender e muito de quem seja o vencedor da segunda volta das presidenciais, no dia 7 de maio.