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Família Berlusconi em negociações para comprar império de media português

Francisco Pinto Balsemão, fundador do grupo Impresa
Francisco Pinto Balsemão, fundador do grupo Impresa Direitos de autor  FLICKR/PSD
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De Joana Mourão Carvalho
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Dona da SIC e do semanário Expresso confirmou conversações com grupo italiano da família Berlusconi para venda de uma "participação relevante".

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A corrida para encontrar um comprador para resgatar o grupo Impresa, o império de media da família Balsemão, que inclui a estação televisiva SIC e o semanário Expresso, já arrancou.

A Impresa revelou no sábado passado que está em negociações com o grupo italiano MediaForEurope (MFE), controlado pela família de Sílvio Berlusconi, para a aquisição de "uma participação relevante" no grupo de media português, fundado pelo antigo primeiro-ministro português Francisco Pinto Balsemão (1981-1983) e cofundador do partido de centro-direita PSD em 1974.

A informação foi inicialmente avançada pela imprensa italiana e depois confirmada pela própria empresa portuguesa, após a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter suspendido as suas ações.

"Em resposta ao pedido de esclarecimento da CMVM, a Impresa informa que, de acordo com informação prestada pela sua acionista maioritária, no âmbito das negociações tornadas públicas com o grupo MFE, não se encontra afastada a possibilidade da aquisição por este de uma participação relevante (direta ou indireta) para efeitos de controlo na Impresa, reiterando que, nesta data, não existe qualquer acordo vinculativo para o efeito", refere o grupo Impresa no comunicado ao regulador.

De acordo com a imprensa italiana, o grupo MFE estará a avaliar duas possibilidades: ou a aquisição do grupo como um todo, ou apenas dos oito canais que integram o negócio televisivo, bem como a plataforma digital Opto. A operação poderá avançar até ao final do ano, o que, a acontecer, terá de assumir a forma de uma oferta pública de aquisição (OPA).

A concretizar-se, a operação representaria uma solução rápida para a situação financeira do grupo que está em apuros há vários anos e também implicaria que a família Balsemão passasse a ser acionista minoritária.

A Impresa registou no ano passado um prejuízo de 66,2 milhões de euros, que a empresa explicou ter sido devido a uma imparidade de 60,7 milhões de euros relacionada com os segmentos da televisão e da subsidiária Infoportugal.

Já no primeiro semestre deste ano apresentou perdas de 5,1 milhões de euros, um aumento de 27,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, acompanhado por um recuo de 0,8% das receitas consolidadas para 85,9 milhões. A dívida líquida também cresceu nos últimos anos, passando de 107,2 milhões de euros em 2022 para 115,5 milhões de euros em 2023, 130,9 milhões de euros em 2024 e 148,2 milhões de euros no primeiro semestre de 2025.

A empresa tentou vender em junho o edifício da sua sede, em Oeiras, ao BPI, por 37 milhões de euros, mas a operação não se concretizou, como informou o grupo Impresa em comunicado ao mercado no dia 24 de julho. O grupo já tinha realizado uma operação semelhante em 2018, quando vendeu a sede ao Novobanco e encaixou 24,2 milhões de euros.

O grupo MFE, detido em 75% pela família de Sílvio Berlusconi - o empresário e político italiano, várias vezes primeiro-ministro, que morreu em junho de 2023 - assume a ambição de se tornar um "agregador para as principais emissoras comerciais europeias", para criar um "player pan-europeu operando em todos os principais mercados, forte em conteúdo e tecnologia, e capaz de melhorar a posição competitiva da Europa no mercado global", lê-se no site do grupo.

No ano passado, o MFE gerou receitas consolidadas de quase três mil milhões de euros, operando em Itália e em Espanha, e acaba de entrar no capital do grupo alemão ProSiebenSat.1, detentor de canais de televisão e plataforma de streaming, através de uma Oferta Pública de Aquisição que lhe garante uma fatia de 75,61% da empresa.

Em Itália, o grupo da família Berlusconi é dono dos canais televisivos Canale 5, Italia 1 e Retequattro, além de ser detentor de cinco rádios, de produtoras de informação e entretenimento e de plataformas de streaming.

Em Espanha, a MFE tem dois canais televisivos generalistas, Telecinco e Cuatro, e cinco canais temáticos (Divinity, Factoria de Ficcion, Boing, Energye Be Mad). Além disso, o grupo reclama a liderança no digital com as plataformas Mitele e MitelePlus.

Francisco Pinto Balsemão, fundador da Impresa, sempre se manifestou contra a venda de uma participação maioritária do grupo, o que poderá agora tornar-se realidade com a entrada da MFE no capital social.

"Eu cá estarei enquanto puder e me sentir útil na torre de comando para ajudar na difícil navegação. Se um dia, que espero não chegue, concluir que não há outro remédio, cá estarei também para tomar decisões drásticas. Isto é, com toda a franqueza, para vender, ficando claro que prefiro vender a aceitar uma solução minoritária, mesmo que tentem disfarçá-la com presidências honorárias ou coisas do género. Quando eu morrer, o assunto, como previsto e tratado, será resolvido no âmbito da Balsager", afirmou Francisco Pinto Balsemão no podcast "Memórias".

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