Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Nestlé vai cortar 16.000 empregos em reestruturação global

O logótipo da empresa suíça de alimentos e bebidas Nestlé
O logótipo da empresa suíça de alimentos e bebidas Nestlé Direitos de autor  AP Photo
Direitos de autor AP Photo
De Leticia Batista Cabanas
Publicado a
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button

A Nestlé vai cortar 16.000 postos de trabalho a nível global para otimizar operações, focar-se em produtos de alto rendimento e aumentar a rentabilidade sob a nova liderança do CEO Philipp Navratil.

PUBLICIDADE

A gigante de alimentos e bebidas Nestlé anunciou que irá cortar 16.000 empregos em todo o mundo nos próximos dois anos. Estes incluem 12.000 cargos administrativos e de escritório, e 4.000 funções adicionais nas áreas de fabricação, logística e cadeias de abastecimento.

Segundo a empresa, os despedimentos fazem parte de um esforço mais amplo para otimizar a força de trabalho da Nestlé e focar investimentos em marcas de alto desempenho, e produtos com forte potencial de retorno: café, confeitaria e produtos premium.

O próximo passo é concluir as revisões estratégicas do portfólio dos negócios de águas e bebidas premium e das marcas de vitaminas e suplementos.

A reestruturação da Nestlé visa melhorar a rentabilidade e a eficiência numa altura de pressões crescentes. O preço das ações da empresa caiu cerca de 35% desde 2022. O crescimento das vendas aumentou apenas 2,2% em 2024 - o seu número mais fraco em anos -, embora tenha subido para 3,3% nos primeiros nove meses deste ano. As vendas líquidas reportadas, afetadas pelas taxas de câmbio, atingiram 65,9 mil milhões de francos suíços (70,96 mil milhões de euros) nos primeiros nove meses de 2025, uma diminuição anual de 1,9%.

Entretanto, o aumento dos custos externos e as barreiras comerciais continuam a pressionar as margens, como a recente tarifa de importação de 39% dos EUA sobre produtos suíços.

Ainda assim, a empresa espera que os cortes de empregos gerem poupanças anuais de aproximadamente mil milhões de francos suíços e contribuam para uma meta total de poupanças de custos de 3 mil milhões de francos suíços até ao final de 2027.

"A gestão tem grandes ambições de trazer a Nestlé de volta ao seu histórico, mas por enquanto a empresa está em processo de transformação. As vendas do terceiro trimestre da Nestlé cresceram 4,3% em base orgânica, superando as expectativas do mercado em 0,6%. Isto é um ponto positivo a curto prazo e os investidores estarão otimistas quanto ao que isso significa para as perspetivas de médio prazo da empresa”, explicou Chris Beckett, analista de produtos de consumo na Quilter Cheviot.

Revolução na gestão

A Nestlé também enfrentou um período de turbulência na gestão. O seu ex-CEO, Laurent Freixe, foi demitido em setembro por não ter divulgado um relacionamento romântico com uma subordinada, o que violou o código de conduta da empresa.

Duas semanas depois, o presidente de longa data Paul Bulcke renunciou mais cedo do que o previsto, e o ex-CEO da Inditex Pablo Isla foi nomeado seu sucessor.

Após a demissão de Freixe, Philipp Navratil foi nomeado o novo CEO. Foi Navratil quem então introduziu a reestruturação, argumentando que a Nestlé precisava de "mudar mais rápido" para permanecer competitiva num mercado global em rápida evolução. Navratil considera a "mentalidade de desempenho" uma prioridade para manter a quota de mercado.

Mas, apesar dessa turbulência na gestão, a empresa reportou resultados financeiros mais fortes do que o esperado para os primeiros nove meses de 2025. As suas vendas orgânicas aumentaram nas principais categorias, impulsionadas por preços mais altos em produtos principais como o café Nescafé, o chocolate KitKat e produtos de cozinha Maggi.

No terceiro trimestre de 2025, a Nestlé registou um aumento de 1,5% no crescimento interno real, um resultado muito acima das expectativas dos analistas de 0,3%.

Os investidores também reagiram positivamente ao anúncio da reestruturação, com o preço das ações da Nestlé a subir mais de 8% até ao meio-dia de quinta-feira.

Entretanto, a empresa mantém-se otimista, projetando um crescimento orgânico das vendas mais forte em comparação com 2024.

"A orientação para o ano completo foi reafirmada, por isso devemos ver uma melhoria contínua no crescimento das vendas com uma margem operacional de 16% ou superior. As ações negociam com um desconto em relação ao setor mais amplo e isso reflete a história de recuperação pela qual a empresa está a passar. Mais alguns trimestres como este podem ajudar a completar essa história e colocar a empresa novamente numa trajetória de crescimento de alta qualidade", disse Beckett.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

Presidente da Nestlé demite-se após surpreendente despedimento do diretor-executivo

Nestlé despede diretor-executivo após relação amorosa não revelada com subordinada

Acionistas da Nestlé pressionam a empresa para que ofereça produtos mais saudáveis (após o recente escândalo do açúcar)