Warner Bros Discovery confirma estar a rever opções estratégicas — da venda total a acordos parciais — após relatos de interesse da Paramount, Netflix e Comcast.
Warner Bros Discovery, casa da HBO, da CNN e da DC Studios, sinalizou que o grupo ou parte dele pode ser vendido, meses depois de anunciar planos para se dividir em duas empresas.
Em comunicado esta terça-feira, o gigante dos media e do entretenimento disse ter iniciado uma avaliação de alternativas estratégicas face a "interesse não solicitado" de várias partes, tanto pelo grupo como pela própria Warner Bros.
A Warner Bros Discovery não revelou a origem desse interesse, tendo um porta-voz da empresa dito à Associated Press que não podia avançar com mais detalhes.
A análise surge após relatos crescentes de uma eventual corrida a propostas — incluindo da Paramount, detida pela Skydance, que concluiu no início de agosto a sua própria fusão de 8 mil milhões de dólares (6,9 mil milhões de euros).
Citando fontes anónimas próximas das conversações, o Wall Street Journal noticiou recentemente que a Paramount abordou a Warner Bros Discovery no final de setembro com uma proposta maioritariamente em numerário — mas que o CEO da Warner, David Zaslav, recusou as primeiras investidas.
Segundo o jornal, o presidente-executivo da Paramount/Skydance, David Ellison, ponderou depois uma abordagem mais agressiva, como dirigir-se diretamente aos acionistas.
A CNBC avançou também que a Netflix e a Comcast estão entre outros potenciais interessados, citando fontes não identificadas. A Comcast recusou comentar o assunto, esta terça-feira. A Paramount e a Netflix não responderam de imediato aos pedidos de comentário da AP.
Concorrência no setor dos media
A venda total ou parcial da Warner Bros Discovery marcaria uma mudança significativa no panorama mediático dos EUA, que "já caminha para um nível preocupante de consolidação", disse Mike Proulx, vice-presidente e diretor de investigação na Forrester.
Apontou em especial o streaming: por um lado, um negócio poderia dar escala aos serviços da empresa para competir melhor com outros concorrentes do setor; por outro, os consumidores poderiam enfrentar menos opções nas mãos de um punhado de gigantes corporativos.
"Quando apenas alguns conglomerados, como a Skydance, passam a controlar a fatia de leão de algumas das plataformas mais populares, isso levanta muitas questões sobre o futuro da diversidade e da expressão dos conteúdos", disse Proulx por email na terça-feira.
"'Maior é melhor' pode ser bom para os acionistas, mas irão os consumidores beneficiar, no fim, com conteúdos de melhor qualidade, preços mais baixos e maior acessibilidade?"
"Muito dependerá de haver ou não uma venda — e de quem acabe por comprar a Warner Bros Discovery", acrescentou.
Reestruturação da Warner
Em junho, a Warner Bros Discovery apresentou planos para separar as operações de cabo e de streaming. A HBO e a HBO Max, a par da Warner Bros Television, da Warner Bros Motion Picture Group e da DC Studios, formariam uma nova empresa de streaming e estúdios.
Canais como a CNN, a Discovery e a TNT Sports, além de produtos digitais incluindo o serviço de streaming Discovery+ e o Bleacher Report, passariam a integrar uma entidade distinta focada no cabo.
A Warner previa concluir a separação até meados de 2026 — e disse, esta terça-feira, que prosseguir com esta separação continua entre as opções em análise.
"Demos o passo arrojado de preparar a separação da empresa em duas empresas de media distintas e líderes, a Warner Bros e a Discovery Global, porque acreditávamos firmemente que esse era o melhor caminho", disse Zaslav.
Ainda assim, acrescentou, "não surpreende que o valor significativo do nosso portefólio esteja a ser cada vez mais reconhecido por outros no mercado".
A empresa afirmou não existir um calendário definido para o processo de revisão — e assinalou que, para lá da separação já em curso, "não há garantias" de que venha a resultar qualquer transação.
As ações da Warner Bros Discovery, com sede em Nova Iorque, fecharam a sessão de terça-feira a ganhar quase 11%.
A Warner Bros Discovery foi criada há apenas três anos, quando a AT&T separou a WarnerMedia, que depois se fundiu com a Discovery Communications numa operação de 43 mil milhões de dólares (37 mil milhões de euros).
Qualquer operação de maior dimensão poderá atrair o escrutínio das autoridades da concorrência — mas, como aconteceu com outras megafusões e propostas recentes, poderá ainda ter sucesso sob a administração Trump.