A intenção de comprar a fatia do capital que será alienada pelo Estado foi manifestada pelo CEO do grupo franco-neerlandês, Ben Smith, durante a apresentação de resultados trimestrais.
A Air France-KLM está na linha da frente para comprar a totalidade ou uma parte da fatia de 44,9% da TAP que o Estado irá privatizar.
Ben Smith, CEO do conglomerado que junta as companhias de bandeira de França e dos Países Baixos, reconheceu o interesse pela transportadora aérea portuguesa durante a apresentação dos resultados do terceiro trimestre, segundo o site Dinheiro Vivo, que garante que o grupo franco-neerlandês irá enviar, nas próximas semanas, a manifestação formal de interesse no capital da TAP. Segundo Smith, esse pedido deverá ser feito ainda este mês.
Segundo as regras definidas pelo governo, os interessados deverão manifestar o interesse até ao dia 22 de novembro através de um mail dirigido à Parpública, organismo que gere as participações do Estado.
Em julho, o governo aprovou o diploma que enquadra o processo de privatização da TAP. Segundo os termos, o Estado mantém-se na posse de 50,1% do capital da transportadora. Os restantes 49,9% são alienados, dos quais 44,9% ficam nas mãos de um investidor privado e 5% do capital destina-se aos trabalhadores.
A transportadora aérea portuguesa tem uma longa história de privatizações e nacionalizações.
Em 1991, passou de empresa pública a sociedade anónima de capitais maioritariamente públicos. As tentativas de privatização feitas então pelo Governo de Cavaco Silva não resultaram. Já durante o governo de António Guterres, foi feito um acordo com a Swissair que acabaria por não se concretizar.
Foi finalmente privatizada em 2015, no seguimento do acordo com a "troika" assinado quatro anos antes, e passou a ser controlada por David Neeleman (jetBlue Airways e Azul - Linhas Aéreas Brasileiras) e por Humberto Pedrosa, do Grupo Barraqueiro. Logo no ano seguinte, com a chegada ao poder da "geringonça" de António Costa, o Estado voltou a ser acionista maioritário. Com a crise gerada pela pandemia de Covid-19 e a necessidade de salvar a empresa, o capital voltou inteiramente para as mãos do Estado, num processo gerido pelo então ministro das Infraestruturas e futuro líder do PS Pedro Nuno Santos.
Em julho deste ano, o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou então a reprivatização de 49,9% da TAP para não se continuar a "deitar dinheiro para um poço sem fundo", disse na altura.