A publicação do romance “Madame Bovary” em 1856 gerou escândalo. Gustave Flaubert, foi julgado por atentado à moral. O processo do escritor francês é
A publicação do romance “Madame Bovary” em 1856 gerou escândalo. Gustave Flaubert, foi julgado por atentado à moral. O processo do escritor francês é o ponto de partida do espetáculo de Tiago Rodrigues que sobe ao palco, esta semana, na cidade do Porto.
Há um perigo na arte. Esse perigo é fazer-nos sonhar mais do que aquilo que o quotidiano nos diz que nós podemos sonhar.
“Quando ele publica em fascículos o romance, é acusado de atentado à moral e à religião e julgado em Paris. Eu descobri esse processo e quando li o processo, vi que os advogados comentavam o romance em voz alta. Comentavam precisamente o que 150 anos depois nos toca ainda hoje: o perigo das palavras de Flaubert”, sublinhou o encenador português.
O trabalho de Tiago Rodrigues tem merecido o aplauso da crítica em Portugal e no estrangeiro.
No último Festival de Teatro de Avignon, em França, o encenador português recebeu várias críticas positivas pela adaptação “de António e Cleópatra” de Shakespeare.
Na peça “Bovary”, o diretor do Teatro Nacional Dona Maria II reflete sobre o poder revolucionário da arte.
“De alguma forma esta peça dá razão ao advogado da acusação que em 1857 dizia: cuidado este romance é perigoso, contamina as pessoas. Há um perigo na arte. Esse perigo é fazer-nos sonhar mais do que aquilo que o quotidiano nos diz que nós podemos sonhar”, explicou o encenador português.
“Bovary” sobe ao palco no Teatro Nacional de São João no Porto de 26 de novembro a 13 de dezembro. Há vários espetáculos de Tiago Rodrigues em digressão pela Europa.