Esta aclamada ópera do compositor italiano está envolta numa suposta maldição, mas nem isso deteve a aposta da Casa da Ópera de Zurique
"A Força do Destino" é uma das melhores obras de Verdi. Envolve-nos na intensidade de um pesadelo, acolhido pela Casa da Ópera de Zurique, na Suíça, numa nova produção do enredo pela mente do diretor Andreas Homoki, sob a batuta de Fabio Luisi.
Nesta tragédia épica, o compositor italiano Giuseppe Verdi deu cor a um quadro intenso num dos trabalhos mais aclamados do compositor italiano, cuja estreia em palco aconteceu em 1862, no Teatro de São Petersburgo, à altura a capital da Rússia Imperial.
Indiferente ao peso de uma suposta maldição caída sobre esta ópera de Verdi, envolvendo mortes em palco e diversos outros incidentes, que levaram por exemplo Luciano Pavarotti a recusar interpretá-la, a Ópera de Zurique aceitou o desafio de levar à cena esta nova produção.
"Temos de enfrentar esta ópera com respeito porque é uma obra muito importante, pesada e difícil. Tem esta tonalidade de tragédia, mas também umas partes grotescas. Dar harmonia a tudo isto foi talvez o maior desafio", disse à Euronews Fabio Luisi, o diretor musical italiano, de 59 anos, que em breve irá assumir a liderança da Orquestra Sinfónica de Dalas, nos Estados Unidos.
Em "A Força do Destino", um conflito familiar acaba em morte, num contexto já de si envolto numa guerra. O destino entra em cena quando o amante de Leonora mata sem querer o pai dela.
"Quando lidamos com Verdi, percebemos que ele estava mais interessado nos conflitos interiores dos personagens do que no enredo da história. E é isso que vemos nesta ópera", explica à Euronews o alemão Andres Homoki, o diretor da Casa da Ópera de Zurique.
O palco, abstrato, mas sofisticado, surge-nos como um labirinto ou uma caixa onde os personagens são manipulados quase como marionetas e a atenção do espetador é centrada
nos conflitos interiores dos personagens de Verdi.
"Existe um cubo no meio. Podemos circula-lo, podemos afastar-nos, mas os personagens acabam sempre por se juntar de novo. É um género de caleidoscópio . Tem algo de magia", sublinha Andreas Homoki.
Um dos momentos altos é a ária de "Leonora". Intitulada "Pace, Pace, dio mio", é uma ode à paz, interpretada pela aclamada soprano russa, Hibla Gerzmava.
"É uma ária poderosa. É uma abertura completa da alma. Esta é sem dúvida uma mulher forte, deixada à espera durante muitos anos. É por isso que a força de 'Leonora' é revelada nesta ária, 'Pace, pace'", explicou-nos Hibla Gerzmava.
Fabio Luisi, o maestro, ressalta o "final poderoso". "É muito íntimo e, por isso, muito forte. É um trio de calma e esperança", concretiza.
A soprano ressalva "a partida para um outro mundo" de "Leonora". "Ela está feliz. Penso que ela vai partir para o paraíso porque ela sente-se realmente livre", conclui Hibla Gerzmava.