Na Orquestra Feminina Afegã, 25 jovens vivem a paixão da música contra o preconceito, muitas vezes, da própria família.
Do Afeganistão para Lisboa, 25 raparigas fizeram da música o passaporte para o Festival de Jovens Músicos. Têm entre 12 e 20 anos. Fazem parte da Zohra, a Orquetra Feminina Afegã. Aqui, tocar um instrumento significa romper com o passado de um país onde ninguém aprende música há mais de 3 décadas.
"A música foi banida do Afeganistão durante a era talibã. As pessoas não podiam aprender música, as pessoas não podiam praticar música, não podiam sequer ouvir música. E muitos músicos, ao longo dos últimos 40 anos de guerra, migraram. Isso levou a que a música tradicional afegã, a que chamamos música clássica afegã, tenha ficado obsoleta no Afeganistão", conta Ahnad Sarmast, diretor do Instituto Nacional de Música do Afeganistão.
No Afeganistâo, dedicar a vida à música é mais que escolher um passatempo, ou um trabalho. É um ato político.Quem participa na Zohra corre riscos. Na maior parte das vezes, enfrenta a reprovação da própria família, tal como aconteceu a Madina Sarwari, instrumentista na orquestra. "A minha mãe não gosta. Ela diz que eu não devia ir para uma escola de música, porque a música não é boa para as raparigas, porque somos muçulmanas", revela.
Contra o preconceito, a Zohra vai continuar a dar música. Uma oportunidade de trazer de volta à vida parte da cultra do Afeganistão e fazer surgir, das mãos de poucas raparigas, mais igualdade de género para todas as mulheres afegãs.