A sátira como forma de pensar o mundo

A galeria Saatchi em Londres reúne 170 obras de arte de vários artistas com um ponto em comum: todos eles recorrem à sátira para refletir sobre o mundo de hoje.
A exposição chama-se "Espelho negro, a arte como sátira".
"Pareceu-nos o título ideal para reunir um coletivo de artistas que desde há vinte anos realizam um trabalho que é como um espelho da sociedade. Muitas das obras têm um lado lúdico e interpretam as ansiedades, as reflexões históricas e as situações políticas", disse Philippa Adams, diretora da galeria londrina.
O desenho monumental de Dominic McGill representa o debate ideológico em torno dos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos. Os excessos do neoliberalismo são um dos temas de reflexao do artista.
"Quando concebemos o projeto, uma das nossas intenções era fazer um fresco histórico, à semelhança da Batalha de Gettysburg e das histórias da Bíblia. Pegámos em elementos do cartoon e em textos e juntámos tudo para criar um retrato da história contemporânea", explicou Dominic McGill.
A instalação de James Howard é uma reflexão sobre o lado sombrio da Internet. As obras expostas datam de há dez anos.
"Se tentarmos encontrar o nosso lugar no universo, a Internet pode ser uma forma direta de o fazer porque na internet temos acesso a todos os comportamentos humanos.
Há alguns anos. a Internet era muito diferente de hoje. Não havia bons filtros de spam. Eu tinha acesso a sítios um pouco loucos na internet e recolhia material. Havia de tudo, coisas terríveis e coisas belas. Agora a internet é um sítio linear, diria mesmo, aborrecido. Eu queria recuperar coisas extremas porque são elas que nos contam coisas sobre nós próprios", explicou Howard.
A exposição pode ser visitada em Londres até 13 de janeiro. A entrada é grátis.