Subir à montanha para um festival de cinema diferente

Subir à montanha para um festival de cinema diferente
De  Elena CavalloneMonica Carlos
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Esqueça as lantejoulas, o tapete vermelho e os trajes de cerimónia. No festival de Kustendorf, na Sérvia, é melhor usar botas e camisolas. Na sua 12ª edição, a ter lugar nas montanhas de Mokra Gora, o Festival foi criado pelo grande Emir Kusturica e visa promover o cinema independente.

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Esqueça as lantejoulas, o tapete vermelho e os trajes de cerimónia. No festival internacional de cinema e música de Kustendorf, na Sérvia, é melhor usar botas e camisolas. Na sua 12ª edição, a ter lugar nas montanhas de Mokra Gora, o Festival foi criado pelo grande Emir Kusturica e visa promover o cinema independente, sendo parcialmente financiado pelo governo sérvio.

Este ano o evento reúne jovens cineastas e nomes consagrados do cinema. "Estamos no meio de uma fase de transição em que a tecnologia oferece maneiras fáceis de fazer muitos mais filmes do que no passado, mas sentimos falta do ativismo e das ideologias que tivémos nos anos 70 e acho que este local é especial, porque é uma espécie de refugio para a filosofia estética, a ética e todos os problemas da humanidade," afirmou Kusturica.

A alma anti-capitalista do festival é patente nos filmes exibidos na competição, como é o caso do All Inclusive, da suiça Corina Schwingruber. O filme, cuja história se desenrola durante um cruzeiro, denuncia a alienação da sociedade moderna, obcecada pelo entretenimento de massas.

"Eu espero realmente que as pessoas começem a pensar na forma como passamos as nossas férias, como, de facto, gastamos o quotidiano e a nossa vida inteira a consumir e não a pensar. É apenas um mundo de entretenimento, em que estamos constantemente a postar nas redes sociais. A forma como vivemos é um estilo de vida artificial," comentou Corina Schwingruber.

O filme Being More Like Bagsy, do realizador Mikkel Storm Glomstein, centra-se na questão da identificação de um ser humano com o seu emprego. Trata-se da história de uma mulher sem trabalho cujo encontro com uma agência de tratamento de resíduos lhe oferece a possibilidade para se sentir útil novamente para a sociedade.

Um político ecologista tornado cineasta, o realizador deixou o alerta: "Estamos a entrar num período em que podemos ver que muitas pessoas estão a tornar-se profissionalmente redundantes no sentido de que já não têm nenhuma função na economia. Acho que se não se começar a abordar estes problemas que são importantes para tanta gente, será muito difícil lidar com muitos dos desafios e com as questões da nossa era."

O ambiente na aldeia de Kustendorf é informal. Jovens realizadores juntam-se a cineastas famosos para compartilharem espaços, refeições e idéias durante os workshops organizados ao longo do dia tendo como pano de fundo uma paisagem montanhosa idílica.

E não faltam oportunidades para beber um café com estrelas internacionais do cinema.

Tais como Matt Dillon, o convidado especial da edição deste ano do festival, que narrou aos estudantes de cinema presentes alguns dos momentos mais anedócticos da sua longa carreira na indústria cinematográfica.

Matt Dillon, o convidado especial da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema e Música de Kustendorf

A jornalista da Euronews Elena Cavallone perguntou ao cineasta se Hollywood está a mudar depois do movimento #MeToo. "Sim, embora acredite que não vivemos na censura. Às vezes as pessoas dizem algo e não podem dizer o que querem, e isso também é errado. Não respeito as pessoas que usam o seu poder de uma forma antiética," respondeu.

Ao fim do dia, o ambiente é de festa e de confraternização ao som de música tradicional. Músicos dos Balcãs e não só prestam homenagem às suas tradições e celebram a diversidade cultural inerente ao festival.

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