Realizador Mohammad Rasoulof, impedido de deixar o Irão, é o grande ausente
A 70.ª edição da Berlinale chega ao fim este domingo e a estreia mundial de "There is no evil", o novo filme de Mohammad Rasoulof, assumiu-se como um dos grandes destaques. O realizador iraniano, no entanto, não pôde estar presente.
No verão passado a justiça iraniana considerou-o culpado de "propaganda contra o regime" e "atentado à segurança do país" devido ao filme de 2017, "Um homem íntegro". Foi condenado a um ano de prisão e impedido de deixar o país durante dois anos.
A nova película volta a colocar o dedo na ferida. De acordo com o realizador, "o filme aborda o consentimento da responsabilidade humana pelos cidadãos de um regime despótico. A questão que coloca é: Quando se vive numa ditadura e se é obrigado a tomar uma decisão, até onde estamos dispostos a aceitar a responsabilidade dessa decisão? Ou será que a rejeitamos e a atribuímos à estrutura autoritária do país que nos empurra para essa tomada de decisão?"
Apesar da sentença, o realizador promete continuar e confirma que já se encontra a trabalhar em novos projetos:
"Não têm o direito de me privar da criação artística nem de criar situações que me impeçam de o fazer. Faço o melhor para desfrutar dos meus direitos humanos. É o que tenho feito e o que vou continuar a fazer."
"There is no evil" ainda não tem data de estreia prevista no circuito comercial mas durante o Festival de Cinema de Berlim garantiu um acordo de distribuição para as principais salas da Europa.