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Brasil aprova controversa "lei da devastação" que enfraquece a regulamentação ambiental

 Uma pessoa caminha na rodovia BR-319 em meio à fumaça de um incêndio florestal que atinge Careiro Castanho, no estado do Amazonas, em 2023.
Uma pessoa caminha na rodovia BR-319 em meio à fumaça de um incêndio florestal que atinge Careiro Castanho, no estado do Amazonas, em 2023. Direitos de autor  AP Photo/Edmar Barros, File
Direitos de autor AP Photo/Edmar Barros, File
De Eléonore Hughes and Gabriela Sá Pessoa com AP
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Os críticos consideraram-no "o pior ato legislativo" de sempre do ponto de vista da proteção do ambiente.

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Um projeto de lei para reformar as normas ambientais no Brasil foi aprovado pela Câmara dos Deputados na quinta-feira, atraindo críticas do ministro do Meio Ambiente, que aventou a possibilidade de um veto presidencial.

Já aprovado pelo Senado em maio, o projeto de lei segue agora para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se apresenta como um defensor do ambiente e que, no final do ano, presidirá à primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, a COP30, que terá lugar na Amazónia.

Lula pode sancionar o projeto, vetá-lo na totalidade ou vetar apenas alguns aspetos mas o presidente brasileiro ainda não comentou publicamente o que poderá fazer.

Se for assinada por Lula, a legislação enfraquecerá os poderes de licenciamento ambiental dos órgãos federais. Entre outras medidas, acelera a análise de projetos considerados prioritários pelo governo federal, reduzindo o processo de aprovação de três etapas burocráticas para uma.

A lei também elimina as revisões para melhorias nas estradas existentes, o que poderia abrir caminho para pavimentar toda uma estrada que percorre cerca de 900 quilómetros através da parte ocidental da Amazónia. Os ambientalistas argumentam que o projeto levará ao desmatamento em massa de uma área intocada de floresta tropical.

A aprovação do projeto de lei é uma vitória para os apoiantes que argumentam que os regulamentos atuais do Brasil precisam de ser simplificados, mas um golpe para os especialistas ambientais e ativistas verdes, que se referem a ele como a "lei da devastação". O projeto de lei foi aprovado por uma forte maioria, 267 votos contra 116.

"O pior projeto de lei"

Após a aprovação do projeto de lei, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse à imprensa local que o projeto de lei enfraquecia a legislação ambiental e que o governo federal ainda buscaria alternativas, incluindo a possibilidade de um veto presidencial.

Uma campanha que antecedeu a votação afirmou que o projeto de lei poderia levar a um retrocesso no controlo da poluição, pondo em risco a saúde, aumentar a contaminação e a escassez de água, aumentar a desflorestação e prejudicar as áreas protegidas.

No centro das preocupações está a proposta de instalar um processo de autodeclaração para o licenciamento ambiental, que, segundo Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas da rede de ONGs Observatório do Clima, abrangeria cerca de 90% do total de projetos no Brasil.

As empresas "farão uma descrição online, apertarão um botão e a licença será emitida", disse ela, chamando a proposta de "de longe a pior legislação" do ponto de vista ambiental.

Na semana passada, mais de 300 organizações sem fins lucrativos, incluindo o Greenpeace e o WWF Brasil, assinaram uma petição expressando sua "profunda preocupação" com o projeto de lei, que, segundo eles, "representa um enorme retrocesso institucional para o Brasil e o colapso de mais de 40 anos de desenvolvimento da legislação ambiental nacional".

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