Vozes influentes juntam-se ao apelo para que o Comité Nobel crie um prémio dedicado ao clima
O Comité Nobel está sob pressão para reconhecer a “maior crise do nosso tempo” ao instituir um prémio dedicado às alterações climáticas.
Considerado um dos mais altos galardões da história, o Prémio Nobel está atualmente limitado a seis categorias: Física, Química, Paz, Literatura, Economia e Fisiologia ou Medicina.
Galardoados recebem cerca de 1 milhão de euros, além de outras vantagens, incluindo um diploma único e uma medalha de ouro. Porém, numa altura de agravamento da ameaça das alterações climáticas, multiplicam-se os apelos para reconhecer avanços ambientais.
Ecosia oferece 1 milhão de euros para lançar um Prémio Nobel do Clima
Ecosia, motor de busca que planta árvores, apela à Real Academia Sueca de Ciências, responsável pela seleção dos laureados do Prémio Nobel de Física, Química e Economia, para lançar no próximo ano o primeiro Prémio de Clima e Saúde Planetária.
A empresa depositou 1 milhão de euros junto de um notário em Berlim, reservado exclusivamente para ajudar a criar a dotação do prémio. Diz também estar aberta a financiar uma “fundação de longo prazo” ou a partilhar financiamento com outras organizações “comprometidas com a justiça climática”, para que as soluções climáticas mantenham o seu lugar na família de prémios Nobel.
Em comunicado enviado ao Euronews Green, a Ecosia esclarece que não pretende qualquer influência sobre as nomeações ou os laureados.
Em vez disso, o prémio seguiria os mesmos princípios que regem atualmente o Prémio de Economia, em que os membros do comité selecionam candidatos elegíveis que foram nomeados.
Como seria um Prémio Nobel de Clima e Saúde Planetária?
A Ecosia diz que o prémio proposto visa distinguir indivíduos, coletivos ou empresas que tenham dado “passos significativos” na inovação climática, mitigação, regulação ou defesa.
“A forma como nos adaptamos à crise climática definirá a humanidade”, diz Christian Kroll, CEO da Ecosia.
“Acreditamos que, graças à competência e ao prestígio que a Real Academia Sueca de Ciências e o Comité Nobel trazem, este novo prémio irá destacar, premiar e inspirar inovações de ponta e pessoas dedicadas que trabalham sem descanso para assegurar a nossa sobrevivência nas próximas gerações.”
Quão provável é um Nobel dedicado ao clima?
Desde 1968 não há novas categorias no Prémio Nobel. Foi então que foi introduzido o Prémio em Ciências Económicas, em memória do criador original do galardão, Alfred Nobel.
Mas vozes de referência na área do clima defendem que já não se pode ignorar a necessidade de uma plataforma global que valorize a ação climática.
“Um prémio para o clima e a saúde planetária incentivaria pessoas em todo o mundo a construir soluções, melhorar políticas e mobilizar comunidades para agir”, diz a ativista climática Luisa Neubauer.
“Já vai sendo tempo de a tradição Nobel reconhecer a maior crise do nosso tempo.”
Andreas Huber, da Associação Alemã do Clube de Roma, também apoiou a campanha. “A ideia original do Nobel, honrar o maior benefício para a humanidade, aplica-se hoje, sobretudo, a quem protege os fundamentos da nossa existência”, afirma.
O destacado líder indígena brasileiro Álvaro Tukano ecoou este sentimento, argumentando que os prémios mais prestigiados do mundo precisam finalmente de reconhecer o “problema mais dramático que o planeta enfrenta”.
Euronews Green contactou a Fundação Nobel para comentário.