Recep Tayyip Erdogan tem protagonizado as negociações de adesão da Turquia à União Europeia desde 2005, mas chegou a hora de mudar de curso, segundo um dos vice-presidentes do Parlamento Europeu. Alex
Recep Tayyip Erdogan tem protagonizado as negociações de adesão da Turquia à União Europeia desde 2005, mas chegou a hora de mudar de curso, segundo um dos vice-presidentes do Parlamento Europeu.
Alexander Graf Lambsdorff disse que “do ponto de vista legal, a Turquia ainda é candidata, mas na prática já não. Ninguém acredita, seja em Bruxelas ou em Ancara, que a Turquia acabará por aderir à União Europeia. É melhor relançar o processo e assentar as relações sob novos fundamentos”.
O eurodeputado liberal alemão admite que houve sempre um entusiasmo assimétrico em relação à entrada deste país com 80 milhões de pessoas, maioritariamente muçulmanas.
Lambsdorff explica que “ninguém na Europa… pelo menos muito poucas pessoas, mostraram sérias intenções, um efetivo compromisso com a adesão turca. Em França houve sempre grandes maiorias contra a adesão turca. Na Alemanha, 80 por cento das pessoas opõem-se. Na Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Áustria acontece o mesmo. Não existe um apoio democrático à adesão da Turquia. Os europeus foram desonestos com os amigos turcos, ao dizerem que poderiam entrar um dia. Mas todos sabiam que não havia uma maioria que apoiasse tal coisa”.
A Comissão Europeia continua a dizer que é preciso manter o diálogo, mas o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que pede o congelamento do processo e tem pressionado os líderes europeus.
O eurodeputado refere que “infelizmente, os Estados-membros são muito tímidos, demasiados receosos. A longo prazo, não é razoável defender que “as coisas se mantenham como estão”. O mundo à nossa volta está a mudar rapidamente e chegou o momento dos Estados-membros também mudarem”.
Com a pasta dos Direitos Humanos e Democracia enquanto vice-presidente do Parlamento Europeu, Lambsdorff não aceita a deriva autoritária, sobretudo desde a repressão ao golpe falhado de julho.
“Não devemos esquecer que a Turquia pôs na prisão mais jornalistas do que a China ou o Irão. Isso diz-nos muito sobre o estado da liberdade de expressão naquele país. As detenções de pessoas alegadamente relacionadas com a tentativa de golpe ascendem a 47 mil, nos últimos meses. Tudo isso não é compatível com os nossos padrões sobre o Estado de direito. Na verdade, a Turquia já desistiu de olhar para a Europa, para os seus padrões, valores e políticas”, concluiu.