Ilan Pappé: "Europeus vêem política de Israel como 'apartheid'"

Stefan Grobe, euronews: "O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu chamou-lhe 'um dia glorioso para Israel'. Mas, em Bruxelas, a decisão unilateral de Donald Trump é vista como uma violação do direito internacional e das resoluções das Nações Unidas. É por isso que a União Europeia basicamente boicotou a abertura da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, com a excepção - digna de nota - da Áustria, da República Checa e da Roménia. Outros governos europeus, como a França e o Reino Unido pediram a Israel que exerça contenção, face ao derrame de sangue na fronteira de Gaza. É, no entanto, muito pouco provável que Israel dê ouvidos aos europeus, o que testemunha a pouca influência que a UE tem no Médio Oriente. Questionámos um analista acerca da difícil relação entre a Europa e Israel."
Ilan Pappé, historiador israelita e fundador e diretor do Centro Europeu de Estudos Palestinianos: "Israel está a usar tanto intimidação como sedução para se virar para países pobres como a Roménia, ou países com uma espécie de passado duvidoso durante o regime Nazi, como a República Checa, e chantageá-los de certa forma para apoiarem a decisão norte-americana, deslocando as suas próprias embaixadas."
Na Europa, têm chovido as críticas pelo uso desproporcionado da força, com reações com a do ministro belga dos Negócios Estrangeiros, Didier, Reynders, que fez também um apelo ao regresso ao diálogo. Mas, para já, ninguém se atreveu a ir mais além, exigindo a imposição de sanções, apesar de, desta vez, a opinião pública parecer estar maioritariamente a favor da posição palestiniana.
Ilan Pappé: "A maior parte das pessoas que vive na Europa vê a política israelita a respeito da Palestina, da mesma forma que via a política do 'apartheid' na África do Sul, e o que pedia aos seus governos nessa época era que pressionassem a África do Sul para mudar de política e ideologia."
Stefan Grobe: "O embaixador austríaco em Israel disse que participar na cerimónia em Jerusalém foi uma cortesia diplomática e que a Áustria vai manter a sua embaixada em Telavive. Pode ser verdade, mas dá a impressão de que a Europa está, mais uma vez, desunida e portanto, sem voz ou poder no Médio Oriente, apesar de ser um generoso doador financeiro em termos de ajudas. A posição da Europa no conflito israelo-árabe tem sido sempre imparcial, promovendo uma solução de dois Estados como a única forma de criar uma paz duradoura, tratando ambas as partes com o mesmo respeito. A decisão da União Europeia de não seguir a posição unilateral de Trump de se pôr do lado de Israel, mostra outra forma de respeito: o respeito pelos seus próprios princípios."