Já lhe chamam a "mãe" de todas as cimeiras da União Europeia: Brexit, guerra comercial, alargamento a outros países. A agenda dos líderes comunitários está cheia, quinta e sexta-feira, em Bruxelas. Mas a questão migratória é que que provocará mais tensões e ameaça desunir ainda mais o bloco.
Se avançarmos para uma Europa que perde esta conquista nas fronteiras internas, teremos problemas de legitimidade
Analista política, Centro de Política Europeia
Já lhe chamam a "mãe" de todas as cimeiras da União Europeia: Brexit, guerra comercial, alargamento a outros países. A agenda dos líderes comunitários está cheia, quinta e sexta-feira, em Bruxelas. Mas a questão migratória é que que provocará mais tensões e ameaça desunir, ainda mais, o bloco. Este é o tema deste "Breves de Bruxelas".
Em cima da mesa estão propostas para fortalecer as fronteiras externas e dar mais apoio à Líbia. Uma ideia mais polémica é criar centros de desembarque e processamento de migrantes e requerentes de asilo em países terceiros.
A União Europeia reservou uma fatia do próximo orçamento para estes esforços, passando dos atuais 4,3 mil milhões para 18,3 mil milhões de euros de 2021 a 2027. Também quer passar dos atuais 1300 guardas da Frontex para dez mil.
"Estou cética sobre a ideia de colocar mais dinheiro em cima da mesa, talvez ajude. O número de chegadas à Europa já está muito baixo, quase não há movimento secundário dos migrantes para outros países, mas vários Estados-membros mantêm os controles de fronteira internos", explicou, à euronews, Marie de Somer, diretora do Programa de Migração Europeia e Diversidade no Centro de Política Europeia, em Bruxelas.
"Tal já não pode ser justificada em reais preocupações com segurança pública. É mais por razões políticas, para ganhos eleitorais", acrescentou.
Sem uma solução comum para reformar o regulamento de Dublin, que determina as regras de asilo na União, os líderes arriscam-se a pôr em causa o bom funcionamento do espaço de livre circulação, conhecido por Schengen.
Marie de Somer considera que esse golpe pode ser ainda mais perigoso para o futuro do projecto europeu.
"Se os problemas se espalharem mais do que já aconteceu, afetando o sistema Schengen, se avançarmos para uma Europa que perde esta conquista ao nível das fronteiras internas, teremos sérios problemas de legitimidade. As sondagens do Eurobarómetro mostram que a zona de livre circulação interna de Schengen é a maior conquista da União Europeia e é ainda mais valorizada do que a paz entre os Estados-membros", afirmou a analista política.