O governo italiano rejeita as conclusões de Bruxelas mas não fecha a porta ao diálogo
Itália e a União Europeia mantêm rota de colisão.
Na quarta-feira, a Comissão Europeia classificou a proposta orçamental italiana como violando de forma grave as regras fiscais europeias dando início ao procedimento por défice excessivo. O comissário europeu para os assuntos económicos e financeiros afirma que existem dúvidas relativamente ao aumento da dívida pública.
"Quem vai pagar a conta desta despesa extraordinária? Continuamos a acreditar que este orçamento cria riscos para a economia italiana, as suas empresas, poupanças individuais e contribuintes", afirma Pierre Moscovici.
Do lado italiano, o vice primeiro-ministro, Matteo Salvini, reagiu à carta da Comissão Europeia afirmando que vai continuar o diálogo.
"Também estava à espera de uma carta do Pai Natal. Vamos discutir de forma educada como sempre fizémos. Vamos continuar".
O governo defende o plano e afirma que este orçamento vai relançar a economia, apesar das previsões apresentadas pela Comissão Europeia apontarem para um crescimento mais baixo.
"Esta comissão que agora diz que esta proposta não reduz a dívida pública italiana é a mesma comissão que até ontem nos forçou a fazer escolhas que aumentaram a dívida pública", adianta Danilo Oscar Lancini, eurodeputado italiano.
A Itália acredita que a atual comissão em final de mandato não goza do peso político para fazer cumprir medidas disciplinares no entanto, a pressão de outros estados membros é elevada.
A abertura formal de um procedimento por défice excessivo será decidida em janeiro em votação com os ministros europeus das finanças. As medidas entrariam em vigor na primavera de 2019 e obrigariam o país a reduzir a dívida nos próximos cinco anos.
A correspondente da euronews em Bruxelas afirma que "as portas ao diálogo ainda não estão fechadas. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker têm um encontro agendado para sábado. Poderá ser a derradeira oportunidade para se encontrar terreno comum evitando um cenário em que ninguém está interessado".