Varoufakis apresenta propostas

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De  Joao Duarte Ferreira
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O antigo ministro grego das finanças Yannis Varoufakis apresenta novas propostas com olhos postos no Parlamento Europeu

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Effi Koutsokosta, euronews: Porque é que decidiu concorrer na Alemanha? Há alguns anos foi o país que mais o demonizou. Trata-se de uma provocação ou de uma tentativa de assegurar a entrada no Parlamento uma vez que a fasquia em termos de percentagem é baixa?

Yannis Varoufakis: Sempre mantive a mesma linha e foi por isso que entrei para a política. A crise europeia e o seu pior aspeto é que os interesses estabelecidos que estão a transferir as perdas do setor financeiro para os ombros dos contribuintes e eleitores estão apostados em virarem o povo grego contra o povo alemão assim como os italianos contra os franceses. Se vamos chegar a esse ponto, então seremos responsáveis por problemas enormes na Europa e precisamos de evitar isso. É por isso que o movimento Democracia na Europa 2025 foi criado em Berlim em fevereiro de 2016. Trata-se de um símbolo de que estamos unidos e que se queremos mudar a Europa, se precisamos de mudar a Europa é preciso começar em países como a Alemanha. Se queremos reformar e transformar o Império Romano começamos em Roma, não numa aldeia na Grécia.

euronews_ O economista norte-americano Francis Fukuyama alertou recentemente que aqueles que se queixam do poder de Berlim poderão em breve descobrir algo pior, uma Alemanha fraca. Perante o crescimento dos movimentos nacionalistas na Europa, será que vão sentir a falta de Merkel?

Varoufakis: Falando a título pessoal, eu vou sentir a falta da senhora Merkel mas ela foi negligente; ela cometeu o crime de omisão por não ter utilizado os seus conhecimentos e habilidade política, assim como o seu capital político que era enorme em 2012, 2013 para unificar a Europa, colocando-nos num caminho sustentável. Não tenho dúvidas de que qualquer governo a seguir a Merkel será pior.

euronews: Olhando para as suas propostas, não será demasiado romântico falar de um Novo Acordo na Europa? Como é possível que alguns estados membros altamente endividados possam aumentar a despesa pública? Será que o que pretende é que os mais ricos dêm dinheiro aos mais pobres para fazer funcionar o seu Novo Acordo?

Varoufakis: Estamos a propor exatamente o oposto. O que estamos a propor com o Novo Acordo é a criação de uma reserva, um fundo contra a deflação e alterações climáticas. A filosofia do nosso Novo Acordo é utilizar as instituições existentes, instituições que já existem como o Banco Europeu de Investimento e o Banco Central Europeu durante os próximos cinco a seis anos para estabilizar a Europa e convencer aqueles seduzidos pelo populismo, a fim de transformar a Europa de fonte de problemas e austeridade para uma fonte de soluções sem mais impostos.

euronews: Há algum líder europeu interessado nas suas ideias?

Varoufakis: Lembro-me que quando era governador do Banco de Investimento Europeu e propus esta ideia ao Conselho de Gestão não houve ninguém que se opôs. O problema é que o Banco Europeu de Investimento precisa de luz verde do Conselho Europeu. Infelizmente, o Conselho Europeu nunca debateu com seriedade formas de resolver a crise sistémica na Europa. O que se passa é que eles são os bombeiros. Eles deixam os problemas aumentar, a crise da dívida grega, os bancos irlandeses, de Itália e de Espanha e quando as coisas atingem uma determinada proporção é então que os vemos a trabalhar pela noite fora para combaterem o problema em curso. Esse é o maior problema.

euronews: Uma vez que estamos em Oxford, tenho que perguntar sobre uma outra crise europeia, o Brexit. O presidente do Conselho Europeu disse há dias que havia um lugar especial no inferno para aqueles que fizeram campanha para o Brexit sem contudo terem um plano. Concorda com ele?

Varoufakis: Eu concordo com o Sr. Tusk. Existe um lugar especial no inferno para aqueles que defenderam o Brexit na base de falsas promessas; mas não haverá também um lugar idêntico no inferno para a troika e aqueles que defendem a austeridade para a população e o socialismo para os banqueiros na União Europeia?

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