Juncker quer Fidesz fora do PPE, mas partido húngaro resiste
Parece reinar a desarmonia no Partido Popular Europeu (PPE) quando começa a aquecer a campanha para as eleições europeias.
O grupo que agrega partidos do centro-direita e democratas-cristãos, tais como os portugueses PDS e CDS, não deveria albergar o húngaro Fidesz, liderado por Viktor Orbán, na opinião do presidente da Comissão Europeia.
"Orbán e eu não temos nada em comum. Por que é que deveria manter-se no meu partido, se não há pontos em comum? Deveria ser eu a sair só porque na mesa se senta alguém que rejeita tudo que eu defendo? Na minha opinião, o lugar dele não é no PPE", disse Jean-Claude Juncker, terça-feira, numa conferência em Estugarda (Alemanha).
A polémica agudizou-se no início da semana, quando o governo de Budapeste revelou cartazes a atacar Juncker que, há muito, critica o euroceticismo do primeiro-ministro da Hungria e do seu partido Fidesz.
Face à sugestão de expulsão do PPE, um eurodeputado eleito pelo Fidesz, Tamás Deutsch, contra-atacou, escrevendo no Twitter: "Juncker fracassou porque, durante sua presidência, milhões de migrantes ilegais entraram na União Europeia e o Reino Unido vai sair. O Fidesz continua a defender os princípios fundadores do Partido Popular e os valores europeus".
Gunnar Hokmark, eurodeputado sueco do centro-direita, desvaloriza a influência de Orbán no Parlamento Europeu: "Quero deixar uma coisa muito clara: Orbán tem influência zero no PPE, está politicamente marginalizado. Nunca ouvi nenhum membro do Fidesz abordar as questões da mesma maneira que Orban".
As sondagens prevêem que o Fidesz mantenha a atual dúzia de eurodeputados.
A sua saída do PPE poderia enfraquecer aquela que é a maior bancada no Parlamento Europeu, no momento em que aumenta a pressão da extrema-direita.