Borrell quer salvar acordo nuclear com Irão
"Esforços diplomáticos intensos e de boa-fé" é a receita de Josep Borrel para levar por diante o processo de resolução de diferendos lançado pela França, Alemanha e Reino Unido contra o Irão por causa do não cumprimento do acordo nuclear.
"O fracasso do esforço para preservar o acordo só aumentará as tensões na região. Imaginem, por um segundo, qual seria a situação atualmente se o Irão tivesse armas nucleares", disse o chefe da diplomacia da União Europeia na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), terça-feira, tendo também emitido um comunicado oficial.
Cabe a Borrell supervisionar as negociações no âmbito do processo de resolução, que visa convencer o Irão a parar de enriquecer urânio que poderá levar ao desenvolvimento da bomba atómica.
O acordo foi abandonado pelos EUA quando Donald Trump chegou ao poder e este tem reforçado as sanções económicas.
Os parceiros europeus, bem como a China e Rússia, que também são signatárias, tentam manter o acordo vivo.
Manter o apoio financeiro europeu?
Uma das apostas é a proteção das empresas europeias a operar no Irão e outros incentivos financeiros, algo fundamental para apaziguar o regime de Teerão, segundo peritos que estiveram envolvidos na negociação do acordo durante a presidência dos EUA por Barack Obama.
"A questão principal para os europeus, neste momento, e na qual se terão de concentrar os peritos, é saber como encontrar uma maneira de manter benefícios económicos para o Irão, indo contra a vontade dos Estados Unidos. Mas poderá ser preciso que os EUA aceitem esses apoios, algo muito mais difícil conseguir pois exigirá que Irão e os EUA se ponham de acordo sobre dar alguns passos positivos", disse Robert Malley, presidente do Grupo Internacional de Crises.
A primeira ronda negocial deverá decorrer ao longo de duas semanas. Por agora, os participantes prometem tudo fazer para evitar chegar ao ponto de pedir a imposição de sanções por parte das Nações Unidas contra o Irão.