Bruxelas acordou, sexta-feira, com um impasse político na cimeira da União Europeia sobre o orçamento para os próximos sete anos. Uma ronda de reuniões bilaterias durante a madrugada foi interrompida às 7h00 de sexta-feira e os líderes retoma as negociações ao final da manhã.
Bruxelas acordou, sexta-feira, com um impasse político na cimeira da União Europeia sobre o orçamento para os próximos sete anos. Uma ronda de reuniões bilaterais e de pequenos grupos de Estados-membros durante a madrugada foi interrompida às sete da manha.
Questionado sobre os avanços, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse: "Quase nada, vamos passo a passo".
O regresso à mesa das negociações ficou marcado para o início da tarde, para tentar fazer a ponte entre os chamados quatro países frugais, que defendem cortes, e a maioria dos restantes que pede um orçamento menos modesto.
Quando chegaram, alguns dos líderes mostraram-se céticos.
"Estou disposta e preparada para ficar a negociar durante o fim de semana, mas não acho que vamos conseguir chegar a um acordo", disse Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca.
"Muitos de nós não estão muito otimistas em termos de obter um resultado. É muito provável que tenhamos de organizar uma nova cimeira dedicada ao orcamento plurianual", afirmou Klaus Iohannis, presidente da Roménia.
"O problema é que se todos fizerem cálculos sobre quanto pagam e quanto recebem, nunca sairemos daqui. Quando, em 1957, se criou aquilo que viria a ser União, percebemos que, às vezes, temos de desistir de algo, ou pagar ou preço alto, em nome de ter algo melhor no futuro", disse Xavier Bettel, primeiro-ministro do Luxemburgo.
O acordo terá de passar no Parlamento Europeu, que tem poder de veto. O presidente, David Sassoli, disse: "A posição do Parlamento é muito clara, esta proposta apresentada é inaceitável e não será aprovada em votação".
Um bilião de euros em jogo, mais coisa menos coisa...
Várias fontes europeias apontaram que, até ao momento, não houve verdadeiramente progressos nas negociações e todos continuam a considerar inadequada a proposta negocial apresentada por Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.
A proposta estabelece um orçamento plurianual para 2021-2027 de 1,09 mil milhões de euros, equivalente a 1,074% do Rendimento Nacional Bruto (RNB) da União, já sem o Reino Unido e continua a contemplar cortes na Política de Coesão e na Política Agrícola Comum (PAC) face ao quadro atual.
Para Portugal, esta proposta representa cortes de 9 a 10% na Política de Coesão e de 12% na PAC, face ao quadro financeiro atual. O primeiro-ministro, António Costa, classificou-os de "forretas" durante um debate, na terça-feira, na Assembleia da República.
A proposta original da Comissão, que já data do verão de 2018, contemplava um orçamento global com contribuições correspondentes a 1,11% do RNB.
O Parlamento Europeu considera ambas manifestamentes insuficiente, defendendo contribuições de 1,3% do RNB.