Eurodeputados vão debater resolução sobre Turquia

A tensão militar na zona oriental do mar Mediterrâneo, envolvendo a Grécia e Chipre de um lado, que são membros da União Europeia, e a Turquia, por outro, está longe de acalmar e paira a ameaça da União Europeia aprovar sanções na sua cimeira de líderes, dentro de duas semanas.
"Não resta muito tempo. Se as tensões não desescalarem, nem houver sinais claros de que a crise se dissipou porque a Turquia recuou na sua postura muito ofensiva, acho muito provável que seja aprovado algum tipo de sanções pela União Europeia. É quase inevitável", disse Ian Lesser, diretor-executivo da delegação em Bruxelas do centro de estudos German Marshal Fund.
Mas a União Europeia tem tentado ser muito prudente com um país vizinho que é membro da NATO, com o qual tem um pacto para gerir refugiados e que ainda é candidato a Estado-membro.
"A mudança de direção na política turca está no centro do problema. Neste momento, devido a vários motivos políticos, internos e outros, o país tenta projetar-se como a potência mais importante da região, de forma muito destacada, seja na Síria, na Líbia e cada vez mais no mar Mediterrâneo, na zona oriental e no Egeu", acrescentou Ian Lesser.
Turquia pode continuar a ser candidata à União?
A bancada socialista no Parlamento Europeia e eurodeputados gregos e cipriotas de outros partidos propuseram um debate e uma resolução sobre este assunto na sessão plenária, na próxima semana.
O relator, Nacho Sánchez Amor, explicou à euronews que é preciso de uma vez por todas resolver a questão da candidatura da Turquia, cuja suspensão foi votada favoravelmente pelo Parlamento Europeu, em março de 2019.
"Temos de ser muito claros: esta situação é muito decepcionante para a União Europeia, porque se espera de um país candidato que se aproxime da União, seja mais lenta ou mais rapidamente. Aparentemente, a Turquia decidiu de forma diferente e continua a afastar-se dos padrões da União Europeia, das políticas e interesses defendidos pela União Europeia. Além disso, esse afastamento é feito também com recurso à frente militar", explicou Nacho Sánchez Amor, que é um eurodeputado espanhol de centro-esquerda.
Diálogo para evitar risco de incidente grave
Os eurodeputados apoiam a posição do chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, e da atual presidência do bloco a cabo da Alemanha, de manter aberto o diálogo, mas exigindo à Turquia que não tome mais medidas unilaterais sobre a exploração de gás na zona oriental do mar Mediterrâneo.
"Existem dois cenários mais prováveis. Num deles, a Turquia reflete sobre esta situação e opta pelo diálogo, retirando as forças militares da zona marítima de contenda. O outro cenário é manter a atual postura, com presença militar, aumentando o risco de um incidente grave", referiu o eurodeputado Nacho Sánchez Amor.
O governo de Portugal defende que os direitos de exploração de gás naquela zona devem ser decididos através do diálogo diplomático ou com recurso ao sistema judicial internacional.