Pescadores europeus enfrentam burocracia e incerteza

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De  Isabel Marques da Silva
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O orçamento da União Europeia prevê pelo menos cinco mil milhões de euros para ajudar os 180 mil pescadores europeus a adaptarem-se à nova situação pós-Brexit, incluindo a possibilidade de enveredarem por outra rota profissional.

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A frota belga que sustenta 400 pescadores aguarda por notícias do Conselho da União Europeia sobre a nova quota de capturas nas águas do Reino Unido após o Brexit.

O acordo comercial definiu que haverá um corte de 25% no conjunto de 27 países, nos próximos cinco anos mas, desde 1 de janeiro, os pescadores também enfrentam problemas logísticos.

"Estamos habituados a desembarcar o nosso peixe nos portos britânicos e a transportá-lo de camião para os leilões de venda na Bélgica, mas isso é algo que já não é possível devido à burocracia. Estamos à procura de possibilidades de pesca em zonas, tanto britânicas como na União Europeia, que normalmente usamos no final do ano, mas já estamos a usá-las agora porque não queremos correr o risco de ficarmos com peixe fresco empatado nos portos do Reino Unido", explicou Emiel Brouckaert, presidente da Rederscentrale, a organização de armadores de pesca belga, em entrevista à euronews.

Britânicos também estão descontentes

Os britânicos queixam-se do mesmo, ao ponto de terem peixe a apodrecer porque não foi entregue nos mercados europeus.

"Os nossos clientes europeus de menor dimensão juntam-se para receberem uma grande encomenda em conjunto, mas isso exige uma enorme quantidade de papelada", disse Barrie Deas, diretor da Federação Nacional Britânica de Organizações de Pescadores, em entrevista à euronews.

Os armadores também estão dececionados porque já não poderem fazer intercâmbio de quotas de espécies com os europeus: "Vender e exportar peixe para a União Europeia é um problema no imediato, mas também lamentamos ter perdido a possibilidade de trocar quotas de espécies, porque nalguns casos teremos menos quota em 2021 do que tínhamos em 2020", acrescentou Barrie Deas.

Licenças provisórias seguidas de longa negociação

Com o Brexit, 11 Estados-membros da União Europeia serão muito afetados pela perda de direitos de pesca nas águas britânicas.

A Bélgica é o país mais dependente, com esses direitos a representarem 43% do valor total de suas capturas, mas Irlanda, Dinamarca e Holanda também terão grandes impactos.

Licenças provisórias de pesca nas águas do Reino Unido estão em vigor para o primeiro trimestre.

O conselho de ministros das Pescas da União Europeia começou, esta segunda-feira, a negociar as quotas de captura m águas britânicas para o resto do ano, o que poderá demorar até ao verão.

Alguma ajuda financeira também estará em debate, explicou Ricardo Serrão Santos, Ministro do Mar de Portugal, à euronews: "Trata-se de encontrar um equilíbrio entre a preservação dos estoques e o bem-estar das comunidades pesqueiras. Terá que ser feito também com a aprovação de uma reserva orçamentária para ajustamento ao Brexit que ajudará a mitigar os impactos no setor de pesca e aquacultura, mas temos que perceber que o apoio a esses problemas é muito complexo e que é ainda mais difícil devido à pandemia de Covid-19".

O orçamento da União Europeia prevê pelo menos cinco mil milhões de euros para ajudar os 180 mil pescadores europeus a adaptarem-se à nova situação, incluindo a possibilidade de enveredarem por outra rota profissional.

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