Amnistia Internacional acusa Polónia de reenvios forçados de migrantes

A Polónia tem sido acusada de alegados reenvios forçados de migrantes para a Bielorrússia. Para que não restem dúvidas, a Amnistia Internacional diz ter a prova.
A organização não-governamental apoiou-se numa investigação digital para acusar as autoridades de Varsóvia de fechar a porta a 32 migrantes afegãos, violando a lei europeia.
"Esta é uma situação inteiramente criada pela Polónia, porque eles estão a manter pessoas presas, em condições realmente terríveis, sem qualquer tipo de apoio. As coisas vão piorar. O que tem de acontecer agora é a Polónia ter acesso a essas pessoas, permitir que tenham uma avaliação individual do pedido de asilo, em linha com o direito internacional. Também é preciso que a União Europeia atue com rapidez e firmeza para resolver o impasse", sublinhou, em entrevista à Euronews, Eve Geddie, diretora da Amnistia Internacional UE.
Para a comissária europeia com a pasta dos Assuntos Internos é essencial chamar a Bielorrússia à responsabilidade neste contexto, por atrair os migrantes para a Europa e os deixar entregues à sorte.
"Temos de prevenir mortes às portas das nossas fronteiras externas. Também é importante estarmos juntos e proteger essas fronteiras, sendo firmes contra Aleksander Lukashenko", lembrou Ylva Johansson.
Ativistas de direitos humanos na Polónia querem que a política fique de lado para que se possa agir e resolver a crise humanitária.
"Há mais cadáveres na floresta entre a Bielorrússia e a Polónia. Por isso, estamos a tentar evitar mais mortes no terreno. Mas o governo não está a dar nenhum tipo de assistência humanitária. E também não estão a permitir que as organizações não-governamentais que querem ajudar entrem na zona", denunciou Marta Górczyńska, advogada polaca direitos humanos.
A razão? A Euronews colocou a pergunta à eurodeputada polaca Anna Zalewska, do Grupo dos Conservadores e reformistas europeus. Respondeu, via e-mail, que a vaga migratória é uma iniciativa de Aleksander Lukashenko e de Valdimir Putin.
Falou num "ataque híbrido da Bielorrússia" e insistiu que "informações falsas fornecidas por alguns meios de comunicação ou organizações também fazem parte do processo."
De visita à Polónia, a comissária europeia com a pasta dos Assuntos Internos vai encontrar-se, esta quinta-feira, com o ministro polaco do Interior para discutir também a possível ajuda da agência de vigilância de fronteiras FRONTEX.