Em Bruxelas, Zarifa Ghafari apelou à ajuda da comunidade internacional
Zarifa Ghafari fez história no Afeganistão ao tornar-se numa das primeiras mulheres a liderar uma autarquia, com apenas 26 anos.
Seguiram-se ameaças de morte, tentativas de assassinato e o homicídio do pai, mas Zarifa não cedeu. A não ser em agosto, quando os talibãs assumiram o controlo do país e teve de fugir para sobreviver.
"No dia em que Cabul caiu e percebi como tudo mudou no espaço de poucas horas foi um choque. É um choque e continuará a sê-lo. O mesmo choque sentido pela comunidade internacional e pelas pessoas. Também foi assim para nós", sublinhou, em entrevista à Euronews a ex-autarca.
Zarifa fugiu com ajuda da família de carro. Fez a viagem escondida, cobrindo-se sempre que atravessava um posto de controlo dos talibãs. Até que conseguiu chegar à Alemanha.
"Tentei convencer a minha família a deixar-me ficar no país. Estava a tentar, pelo menos, encontrar uma forma para não termos de partir, mas tive de fazê-lo. E no momento em que embarquei no avião, foi mais difícil do que perder o meu pai. Quando o fiz sabia que estava a deixar para trás a minha família e uma grande família que é o Afeganistão", acrescentou.
Agora Zarifa tenta alertar a comunidade internacional para a situação crítica dos direitos das mulheres no Afeganistão. A ex-autarca esteve em Bruxelas para participar numa conferência sobre o "Estado da União Europeia." Aproveitou para deixar uma mensagem: "Por favor, parem de falar com o governo talibã. Isso dá-lhes reconhecimento e poder. E dá-lhes a motivação para fazerem o que quiserem no Afeganistão. E se estão a ajudar diretamente com dólares ou dinheiro é preciso que se certifiquem que o dinheiro está a ser usado para o bem das próprias pessoas."
Zarifa sonha voltar ao Afeganistão. Enquanto isso não acontece, continuará na Europa a lutar pelos direitos das afegãs.