À medida que a ofensiva russa avança na Ucrânia, Comissão Europeia procura cortar dependência dos combustíveis fósseis russos e encontrar fontes alternativas de abastecimento
Enquanto os EUA travam a fundo - proibindo todas as importações de gás e de petróleo russos para território nacional - Bruxelas avança com mais cautela na pressão sobre Moscovo por causa da invasão da Ucrânia. Mas avança.
Até ao final deste ano, a Comissão Europeia espera que os 27 Estados-membros consigam reduzir em dois terços a procura de gás vindo da Rússia.
Um embargo total fica, para já, na gaveta.
"É difícil, muito difícil, mas é possível se estivermos dispostos a ir mais longe e mais depressa do que até agora", sublinhou, em conferência de imprensa no final da reunião do colégio de comissários, Frans Timmermans, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, responsável pela pasta da Ação Climática.
Timmermans divulgou hoje planos ambiciosos de Bruxelas em matéria energética. O objetivo passa por reduzir, ao máximo, a dependência europeia dos combustíveis fósseis russos, acelerando-se, em simultâneo, a transição verde para energias limpas e diversificando fontes de abastecimento.
Até 2030, a Comissão Europeia quer tornar o bloco comunitário completamente independente das exportações de energia vindas a Rússia. Os planos serão discutidos esta quinta e sexta-feira, em Versalhes, pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, durante a reunião informal do Conselho Europeu.
A dependência da Rússia está a custar caro aos consumidores e às empresas europeias. O país fornece à Europa 45% dos 90% de gás natural importado para consumo. Da Rússia também chegam 45% das importações europeias de carvão e 25% das importações de petróleo.
Entre ameaças vindas de Moscovo, o cenário adivinha-se cada vez mais negro, motivo pelo qual alguns eurodeputados pedem ambição também no apoio a dar às pessoas.
"Não é algo que podemos deixar nas mãos das famílias, por isso também esperamos políticas ambiciosas. Já temos o Fundo Social Climático a ser discutido, mas no meio deste tipo de crise, precisamos de medidas extraordinárias, de mais medidas ambiciosas para lidar com a questão da pobreza energética", sublinhou, em entrevista à Euronews, o eurodeputado socialista português Pedro Marques.
Bruxelas conta cortar a ligação umbilical que mantém com a Rússia, voltando-se para o gás natural liquefeito (GNL) de países como o Catar e os EUA.
Por outro lado, quer aumentar as reservas de gás do bloco para 90%, até ao início de outubro.
Mas, como sempre, será mais fácil falar do que fazer.