Comissário Europeu para a Energia e a Habitação, Dan Jørgensen, fez apelo a mais investimento e a "menos burocracia".
A Comissão e o Parlamento Europeu estão a enfrentar a crise da habitação na União Europeia (UE).
A situação é crítica: o aumento dos preços dos imóveis combinado com a escassez na oferta de casas tornou o acesso à habitação cada vez mais difícil.
"Temos de redobrar os nossos esforços para aumentar o investimento no setor da habitação. Precisamos também de analisar outros regulamentos que estão atualmente a impedir a construção de mais casas", disse Dan Jørgensen, Comissário para a Energia e Habitação, à Euronews, fazendo um apelo a "menos burocracia".
Entre 2010 e 2023, as rendas aumentaram em média 22% e os preços dos imóveis 48%, de acordo com o Eurostat.
Os custos de produção da construção aumentaram 52% no mesmo período, segundo a agência europeia.
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A Comissão Europeia, os eurodeputados e várias partes interessadas iniciaram na segunda-feira, em Bruxelas, um diálogo para encontrar soluções para a crise da habitação a nível europeu.
O âmbito do projeto é vasto, sendo discutidas questões como a escassez de habitação, a habitação social, a pobreza energética, a escassez de mão de obra na indústria da construção e os obstáculos à obtenção de licenças de planeamento.
A UE está particularmente interessada no impacto das rendas de curta duração, que representam quase um quarto do arrendamento turístico.
*"Vamos certamente analisar o papel dos arrendamentos de curta duração. Por um lado, é uma oportunidade de visitar outros países, de ter um rendimento, de arrendar um quarto ou uma casa por um período de tempo limitado. Por outro lado, causa enormes problemas em certas cidades, onde as pessoas são obrigadas a deixar as suas casas, em maior ou menor grau, de modo a que estas se tornem uma máquina comercial, por assim dizer, em vez de uma casa normal",* afirmou Dan Jørgensen à Euronews.
As medidas em cima da mesa incluem a utilização de financiamento europeu para a construção de habitação social e a criação de uma plataforma de recrutamento pan-europeia para fazer face à escassez de mão de obra no setor da construção.
Não existe uma solução única para todos
O Parlamento Europeu criou recentemente uma comissão especial sobre a crise da habitação na UE, que deverá apresentar recomendações à Comissão no prazo de um ano.
A sua presidente, Irene Tinagli, insiste que não existe uma "receita universal" para garantir o acesso à habitação a preços acessíveis no bloco dos 27.
"Pode haver zonas onde o problema está mais do lado da procura, outras onde o problema está mais do lado da oferta e onde o tipo de oferta varia. Há zonas em que a construção de novas habitações é impensável e em que é realmente necessário trabalhar nas infraestruturas existentes, na reabilitação e na renovação. Há áreas em que é possível aliviar o problema através da construção", afirma Irene Tinagli, presidente da Comissão Parlamentar Especial sobre a Crise da Habitação na União Europeia.
Entre 2007 e 2019, a idade em que a maioria dos europeus deixa a casa dos pais aumentou de 26 para 28 anos.
A habitação não é uma competência direta da UE. Por conseguinte, a margem de manobra é limitada.