A atual vaga de calor bateu recordes e provocou alarme em toda a Europa, com temperaturas que ultrapassam os 40 graus Celsius em algumas partes do continente. Em Portugal, no domingo, numa localidade do Alentejo foram registados 46,6 ºC.
A vaga de calor que varre a Europa já levou a centenas de mortes, principalmente nos países do sul. Na quinta-feira, as temperaturas elevadas e condições meteorológicas extremas provocaram incêndios na Turquia que tiraram a vida a um homem de 81 anos.
Centenas de bombeiros, apoiados por aviões e helicópteros, foram mobilizados na quinta-feira para extinguir um incêndio florestal que lavrava na cidade costeira turca de Cesme.
A vítima morreu devido à inalação de fumo, segundo o governador da província, enquanto 37 habitantes foram retirados em segurança pelos socorristas.
Na última semana, a Turquia tem lutado contra centenas de incêndios em todo o país, alimentados por ventos fortes, calor abrasador e baixa humidade. Os incêndios, a maioria dos quais já extintos, levaram as autoridades a retirar dezenas de milhares de pessoas das suas habitações.
Itália
De acordo com os especialistas, esta sexta-feira o calor mais extremo é esperado em Itália.
O ministério da Saúde italiano declarou que 17 das 27 principais cidades do país estavam a sofrer uma onda de calor.
As urgências registaram um aumento de 20% nos internamentos e há pelo menos cinco vítimas mortais relacionadas com o calor.
A cidade de Bolzano, no norte de Itália, está a enfrentar ondas de calor cada vez mais frequentes, com temperaturas que atingem cerca de 37 graus Celsius.
A localização da cidade num vale, combinada com o asfalto extenso e os espaços verdes limitados, intensificou o calor. As condições são ainda mais graves na zona industrial devido aos ventos quentes do sul.
As autoridades dizem que a expansão da vegetação urbana é fundamental para baixar as temperaturas. As áreas com sombra podem ser até cinco graus mais frescas.
Bolzano tem atualmente cerca de 13 mil árvores e planta mais 250 por ano, no âmbito de um plano municipal de ecologização.
No entanto, os especialistas do clima dizem que são necessários mais milhares de árvores para ter um efeito de arrefecimento significativo.
As infraestruturas urbanas, como os cabos subterrâneos de fibra de vidro e os sistemas de aquecimento urbano, limitam o local onde as árvores podem ser plantadas.
Nas zonas mais densas da cidade, os funcionários dizem que a sombra artificial, como os guarda-chuvas, podia ajudar a atenuar a exposição ao calor.
Áustria
As temperaturas extremas continuaram a afetar a Áustria na quinta-feira, com máximas que atingiram os 38 graus Celsius.
Em Salzburgo, os turistas procuraram aliviar-se do calor no centro da cidade, onde os sistemas de aspersão proporcionaram um breve arrefecimento em algumas zonas.
A onda de calor pôs em evidência as deficiências do planeamento urbano, sobretudo nas zonas densamente construídas e com pouca vegetação.
As grandes superfícies de betão e a falta de sombra tornaram algumas zonas da cidade especialmente difíceis de suportar.
O número de dias quentes em Salzburgo - definidos como aqueles que excedem os 30°C - duplicou nas últimas décadas, passando de cerca de 10 para quase 20 dias por ano.
O calor e a seca também aumentaram o risco de incêndios florestais, na Alta Áustria, foram registados vários incêndios.
As autoridades estão a tomar medidas preventivas, como a monitorização dos níveis de humidade dos fardos de feno e de palha. Também estão a verificar as máquinas agrícolas e a limpá-las de detritos secos para reduzir o risco de ignição.
Suíça
No cantão suíço de Aargau, a central nuclear de Beznau foi parcialmente desligada da rede elétrica devido às ondas de calor que se fazem sentir. Um reator foi totalmente desligado e o segundo funcionou a 50% da sua capacidade.
O operador da central, Axpo, declarou que o motivo da paragem foi a elevada temperatura da água do rio Aare.
Com o encerramento da central, espera-se proteger a flora e a fauna do rio da poluição excessiva, uma vez que a descarga da água aquecida no rio vizinho, já sobreaquecido, teria posto em perigo a vida selvagem.
De acordo com um relatório de 2024 do Serviço Europeu para as Alterações Climáticas Copernicus, a Europa é o continente com o aumento mais rápido das temperaturas na Terra, tendo aquecido duas vezes mais depressa do que a média global desde a década de 1980.
Portugal
Portugal continental registou mais 69 óbitos acima do esperado durante o período de alerta de calor, iniciado em 28 de junho, maioritariamente entre pessoas com 85 ou mais anos, segundo dados preliminares da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelados esta quinta-feira.
No início da semana o país teve sete distritos em alerta vermelho e alguns incêndios deflagraram, mas a previsão para esta sexta-feira, e fim-de-semana, é de temperaturas mais baixas, apesar do clima quente.
Esta sexta-feira estão sete distritos com aviso amarelo, ou seja, persistência de valores elevados da temperatura máxima. A previsão é que durante os próximos dias vão diminuir o número de distritos com alerta amarelo e domingo nenhum distrito estará com este aviso de "tempo quente".
No domingo, foi atingido em Mora, Évora, um novo extremo absoluto para o mês de junho em Portugal continental, com a estação meteorológica a marcar 46,6 ºC. Na estação de Portalegre foi também ultrapassado, no domingo, o anterior máximo absoluto da temperatura mínima do ar, em junho, com 31,5ºC.
De resto, o dia 29 foi o mais quente do mês com um valor médio de temperatura máxima de 38,5°C (desvio em relação à média mensal de +11,8°C) e um valor médio de temperatura mínima de 28,7°C (desvio em relação à média mensal de +8,4°C).