O secretário-geral do PSOE e presidente do governo, Pedro Sánchez, anunciou importantes mudanças na estrutura do partido durante a reunião do Comité Federal realizada este sábado em Ferraz.
A renovação mais significativa foi a nomeação de Rebeca Torró como nova Secretária de Organização, passando a ser a número três do partido socialista. Sánchez reconheceu que "estes são dias difíceis para todos", dirigindo-se tanto ao governo como à militância e aos cidadãos que apoiam o PSOE. O líder socialista destacou a "coragem e camaradagem" de Torró, bem como o seu "empenhamento socialista e rigor no desempenho das suas funções".
A nova estrutura organizativa inclui ainda Anabel Mateos como adjunta para a coordenação territorial e Borja Cabezón na Transparência e Ação Democrática, enquanto Montse Mínguez assumirá o papel de porta-voz e Enma López o de porta-voz adjunta.
Estas nomeações surgem numa altura em que Francisco Salazar pediu para abandonar o seu cargo em Moncloa e o seu lugar no Comité Executivo Federal (CEF) do PSOE.
Reforço da aposta na igualdade e na luta contra a corrupção
O presidente do Governo sublinhou a necessidade de as mulheres desempenharem um papel mais importante no partido, pedindo desculpa por ter depositado a sua confiança em pessoas que não a mereciam. Como parte deste compromisso, Sánchez anunciou a modificação do artigo 4.5 do Código de Ética do PSOE para incluir um compromisso firme com a abolição da prostituição e para estabelecer a expulsão imediata dos militantes que pagam por sexo.
Em termos de transparência, o secretário-geral apresentou um Protocolo Anti-Corrupção e Anti-Fraude que reforçará a autonomia do Sistema de Conformidade Regulamentar, tornando-o diretamente dependente da Comissão Executiva Federal. Além disso, serão criados canais de denúncia de situações de assédio sexual ou de comportamentos incompatíveis com os valores do partido, com acesso direto à Comissão de Ética e Garantias, que também será reforçada.
Defesa do projeto político e perspectivas até 2027
Sánchez defendeu com firmeza a gestão do governo socialista, comparando-se ao "capitão do navio" que não vira as costas quando o mar está agitado. O líder do PSOE destacou as conquistas económicas do país, salientando que a Espanha contribui com 40% do crescimento e metade dos novos empregos na zona euro, com quase 22 milhões de pessoas inscritas no sistema de segurança social e a taxa de desemprego mais baixa dos últimos 17 anos.
O secretário-geral contrastou estes progressos com o que considera ser a alternativa: uma "coligação de ultra-direita entre o PP e o Vox" que poria fim a esta era de progresso. Olhando para o futuro, Sánchez mostrou-se confiante em continuar com mais anos de progresso e direitos até às próximas eleições em 2027, defendendo o facto de o projeto socialista ter o apoio de milhões de pessoas e representar um "farol de esperança no mundo".
No entanto, ainda não se sabe como irá terminar a investigação da UCO sobre o caso Koldo e todos os problemas de corrupção e as pessoas envolvidas nesta trama e que são muito próximas do partido.
"O Governo transformou a política espanhola num filme da máfia".
Miguel Tellado, porta-voz do PP no Congresso, no seu discurso durante o XXI Congresso do Partido Popular, comentou que o Governo transformou a política espanhola num "O Padrinho", mas de uma forma pouco elegante: na versão "Torrente".
E fez referência a todos os casos abertos do PSOE e dos afectados, como Ábalos, Koldo, Aldama ou Sánchez Cerdán, sem os nomear, mas deixando cair comprimidos durante o seu discurso. Além disso, Tellado também comentou que no Partido Popular respeitam as mulheres e "com as acusações sobre Salazar é algo que não podem dizer no Partido Socialista", disse.