O primeiro-ministro espanhol participou no fórum "Democracia Sempre" juntamente com dirigentes de países da América Latina. Alertou para o aumento do extremismo e da manipulação digital.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, iniciou esta segunda-feira no Chile uma viagem pela América Latina, que incluiu a participação num fórum internacional sobre a defesa da democracia e reuniões relacionadas com a promoção do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
Segundo fontes governamentais, a viagem faz parte da estratégia de Espanha para reforçar os laços entre a UE e a América Latina.
Ao discursar no fórum "Democracia Siempre" (Democracia Sempre em português), organizado pelo presidente chileno Gabriel Boric, Sánchez apelou aos líderes progressistas da América Latina para que "deem um passo em frente" e "passem à ofensiva" contra a ascensão da extrema-direita.
Segundo o líder espanhol, a democracia está ameaçada por uma "coligação de interesses entre oligarcas e a extrema-direita", que representa uma "ameaça real" tanto nas Américas como na Europa.
Sánchez denunciou o "ódio e as mentiras internacionais" que, sublinha, estão a espalhar-se pelos dois continentes e descreveu como um "dever moral" defender os valores democráticos em todas as frentes.
Como primeira linha de ação, Sánchez propôs o reforço das instituições democráticas, a luta contra a desinformação e a redução das desigualdades. Sánchez anunciou ainda que Espanha será a anfitriã da próxima edição da cimeira, que este ano se realizou em Santiago do Chile.
O líder chileno Boric afirmou que as ameaças modernas à democracia não se limitam à força militar, mas incluem elementos mais subtis, referindo-se concretamente à desinformação, extremismo, corrupção e desigualdade.
No fórum, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva exortou os governos progressistas a responderem "com ações concretas e urgentes", uma vez que enfrentam uma "nova ofensiva antidemocrática".
O presidente colombiano Gustavo Petro enfatizou que os líderes reunidos no fórum aprofundaram o seu entendimento sobre os principais desafios, como a crise climática, a Inteligência Artificial (IA), a paz mundial e a defesa da democracia e da liberdade.
Durante o fórum, os líderes latino-americanos e Sánchez também se reuniram com especialistas convidados, incluindo o economista norte-americano e Prémio Nobel Joseph Stiglitz, a filósofa norte-americana Susan Neiman e o economista sul-coreano Ha-Joon Chang.
Participaram também mais de 300 representantes de organizações da sociedade civil chilena.
O objetivo do fórum é promover uma reflexão conjunta sobre o estado das instituições democráticas e propor medidas de cooperação entre os países participantes. A iniciativa tem origem numa reunião anterior realizada no ano passado durante a Assembleia Geral da ONU e é promovida por Sánchez e Lula da Silva.