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Pedro Sánchez acusado de viver num apartamento comprado pelo sogro com dinheiro de prostituição

Pedro Sánchez com Begoña Gómez em 30 de junho de 2025 na reunião da ONU organizada em Sevilha, Andaluzia.
Pedro Sánchez com Begoña Gómez em 30 de junho de 2025 na reunião da ONU organizada em Sevilha, Andaluzia. Direitos de autor  J.J. Guillen/Pool photo via AP
Direitos de autor J.J. Guillen/Pool photo via AP
De Maria Muñoz Morillo & Jesús Maturana
Publicado a
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Na quarta-feira, no Congresso, um dos momentos mais tensos da legislatura teve lugar quando Alberto Núñez Feijóo lançou uma acusação direta contra Pedro Sánchez relacionada com os negócios do seu falecido sogro, Sabiniano Gómez, proprietário de várias saunas ligadas à prostituição.

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Um novo escândalo envolve Pedro Sánchez. Depois dos alegados casos de corrupção na sua equipa governamental, das acusações de manipulação de votos nas eleições gerais do PSOE e de uma investigação sobre o financiamento ilegal do partido, o presidente foi agora indiretamente ligado a um negócio de prostituição.

O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, ao subir à tribuna para a sua segunda intervenção no Congresso dos Deputados, na quarta-feira, 9 de julho de 2025, proferiu uma frase que tinha preparado e que iria marcar o debate: "Mas com quem vive, em que bordéis tem vivido?".

Com golpes na mesa, encerrou a sua intervenção acusando o presidente de ser "um participante lucrativo no abominável negócio da prostituição". A pergunta foi duramente criticada pela esquerda por fazer uma menção direta à família de Sánchez.

O "The Objective" recorda que o negócio de Sabiniano Gómez Serrano, pai de Begoña Gómez, falecida em 2024, foi investigado "exaustivamente". Este órgão de comunicação social situa temporariamente a atividade empresarial entre 1989 e 2006, precisamente "quando Sánchez e a mulher se casaram", altura em que Sabiniano Gómez era coproprietário da sauna Adán, que terá abandonado para não prejudicar a carreira política do genro.

A reação às palavras de Feijóo foi imediata e polarizada. Segundo o El País, a bancada popular aplaudiu "com uma paixão invulgar", enquanto o rosto de Sánchez mostrava negação. Curiosamente, Borja Sémper foi um dos poucos deputados do PP que permaneceu sentado sem aplaudir, embora 24 horas depois tenha justificado a reação do seu líder argumentando que "as regras do jogo mudaram, foram decididas por Sánchez".

O "El País" contextualiza estas acusações, recordando que se referem a "um negócio de sauna do sogro do presidente do Governo, com base no qual a polícia patriótica do Governo do PP tentou construir um caso contra Sánchez através do ex-comissário Villarejo, há 11 anos".

Por seu lado, o "El Mundo" oferece uma perspetiva mais detalhada do império empresarial de Sabiniano Gómez, explicando como começou nos anos 80 com a aquisição do Cine Mundial na rua Alcalá, que transformou em discoteca, antes de dar "o salto para a vida noturna" com a abertura da Sauna Adán na rua San Bernardo.

O "The Objective" fornece um elemento-chave ao revelar que tanto as instalações como os apartamentos do edifício onde funcionava a sauna eram "propriedade de Muface", pagando a família Gómez apenas 850 euros por mês pelo aluguer da penthouse de 139 metros quadrados "no centro de Madrid". Este órgão de comunicação social também destaca a ligação com o caso Villarejo, explicando que o empresário Javier Pérez Dolset "contactou o PSOE pouco depois de Sánchez ter subido ao La Moncloa" para entregar material sobre as investigações dos esgotos, incluindo áudios em que explica "como as saunas do pai de Begoña Gómez eram usadas para gravar políticos, empresários, juízes e jornalistas e depois extorquir-lhes dinheiro".

O orgão de comunicação social acrescenta um pormenor revelador sobre a continuidade da relação com Muface: o sótão do edifício onde funcionava a sauna foi reconvertido num albergue turístico após o fim da atividade, mantendo a família Gómez a renda pelo mesmo preço irrisório de 853 euros mensais por 139 metros quadrados com terraços e vista para o centro de Madrid.

Empresa familiar e implicações políticas

As informações fornecidas pelo "OK Diario", "El Mundo" e "The Objective" revelam a complexidade da rede de negócios da família Gómez. De acordo com o "OK Diario", o dinheiro destes negócios foi utilizado para comprar a casa em Pozuelo de Alarcón onde Pedro Sánchez e Begoña Gómez viviam antes de se mudarem para La Moncloa. Trata-se de uma propriedade avaliada em cerca de 700.000 euros, situada numa urbanização privada de luxo, com 165 metros quadrados, três quartos, duas casas de banho e grandes áreas comuns.

O "El Mundo" amplia esta informação, explicando como o império se estendia por vários locais: a Sauna Azul na rua Concepción Arenal, a Sauna Princesa na rua Mártires de Alcalá, a Sauna Mayka na rua Orense e até um bordel chamado Sauna Bar, mais tarde rebatizado Roses Girls, no Paseo de la Castellana. O "The Objective" desenvolve a descrição do negócio principal, explicando que a sauna Adán era "um local de dois andares para uma clientela gay" que "tinha áreas comuns - como um bar - e também cabines privadas e uma sala escura para encontros", frequentada por trabalhadores do sexo, com uma taxa de entrada de 15 euros e um horário de funcionamento das 11:00 às 14:00.

Nos comentários online sobre as saunas pode ler-se: "Fui aqui numa tarde fria durante a semana, estavam lá provavelmente 10-15 homens, na sua maioria acompanhantes com alguns dos seus clientes". Um outro comentário explica: "Homens bonitos e musculados vêm até si e por apenas 40 euros (ou até menos se for bonita como eu). Pode divertir-se muito com esses rapazes numa das cabines".

A ligação a operações secretas acrescenta outra dimensão ao caso. De acordo com "The Objective", os áudios de Villarejo revelam que estas instalações eram utilizadas pelos círculos policiais para gravar personalidades influentes para fins de extorsão. A imprensa sugere ainda, citando Villarejo, que "Begoña Gómez teria efetuado tarefas de contabilidade para estes negócios". El Mundo" corrobora esta informação, lembrando que a documentação da operação Tandem mostra que o próprio sogro de Sánchez deu o seu aval às operações secretas contra a ETA.

Assuntos familiares, uma nova arma política

A defesa do PP contra as acusações foi retumbante. Segundo o "El País", a nova porta-voz parlamentar do PP, Ester Muñoz, foi mais longe, afirmando que "os apartamentos onde viveu foram pagos com os lucros destas empresas" e qualificando as saunas como "locais de troca de sexo". Por seu lado, Miguel Tellado, secretário-geral do Partido Popular, justificou as palavras de Feijóo, argumentando que "ele só está a pôr em cima da mesa informações que são públicas e conhecidas de todos".

A polémica mostra como os assuntos familiares se tornaram uma arma política. Já aconteceu com a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, que foi muito criticada por viver em casa do seu companheiro, Alberto González Amador, processado por alegada fraude fiscal.

O "El País" salienta que o contexto é particularmente delicado para Sánchez, uma vez que "a sua mulher é acusada de quatro crimes". El Mundo" comenta que o casal recebe cerca de 2.000 euros do aluguer da sua antiga casa em Pozuelo, uma propriedade que, segundo um vizinho,"está em nome de outra pessoa que não Pedro Sánchez e Begoña Gómez, embora Begoña seja responsável pelo pagamento das despesas da associação de moradores".

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