É possível que mais Estados-Membros decidam solicitar empréstimos antes do fim do prazo formal, no final de novembro.
Dezoito Estados-Membros apresentaram pedidos de empréstimos emitidos pela Comissão para financiar projetos de Defesa, tendo a Polónia solicitado mais de um terço do total solicitado.
O executivo da UE disse na quarta-feira que a Bélgica, Bulgária, Chéquia, Estónia, Grécia, Espanha, França, Croácia, Itália, Chipre, Letónia, Lituânia, Hungria, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia e Finlândia tinham solicitado o acesso aos chamados empréstimos SAFE até ao prazo limite de 29 de julho.
O montante total solicitado ascende a 127 mil milhões de euros.
O vice-primeiro-ministro polaco, Władysław Kosiniak-Kamysz, disse que os projetos que o país apresentou à Comissão tinham um preço total de "aproximadamente 45 mil milhões de euros."
"Queremos que os fundos deste programa reforcem as capacidades-chave das Forças Armadas polacas e os nossos programas de segurança, incluindo, entre outros, o programa "Escudo Oriental"", escreveu Władysław Marcin Kosiniak-Kamysz numa publicação na rede social X.
"O montante final que receberemos dependerá do número de candidaturas e da atribuição de fundos pela CE entre os Estados-Membros. Garantir estes fundos é um investimento tangível na segurança e no desenvolvimento da nossa indústria de Defesa. Além disso, reforça a segurança, as capacidades de dissuasão e a Defesa de toda a UE e da NATO", acrescentou.
As despesas de Varsóvia com a Defesa passaram de 2,7% do PIB em 2022 para 4,2% em 2024 - o nível mais elevado para qualquer aliado da NATO. Prevê-se que aumente para 4,7% este ano.
O programa de empréstimos para armas, da Comissão, denominado SAFE, é um elemento fundamental da proposta "Readiness 2030", que visa investir centenas de milhares de milhões de euros na Defesa em toda a UE antes do final da década.
O executivo da UE, que tem uma notação de crédito melhor do que a de muitos Estados-Membros, planeou angariar até 150 mil milhões de euros nos mercados através do regime que permite aos Estados-Membros financiar em conjunto as aquisições no setor da Defesa.
O Comissário responsável pela Defesa e pelo Espaço, Andrius Kubilius, afirmou numa declaração que o "forte interesse" no regime "demonstra a unidade e a ambição da UE em matéria de segurança e defesa".
O prazo para a apresentação formal de propostas termina a 30 de novembro de 2025, o que significa que o número total de Estados-Membros que pretendem recorrer ao SAFE e o montante solicitado podem aumentar, tendo o porta-voz da Comissão Europeia afirmado à Euronews que Kubilius está em contacto com outros Estados-Membros e que está "bastante confiante de que este número irá aumentar."
Para garantir os empréstimos SAFE, os projetos têm de incluir uma preferência europeia - segundo a qual cerca de dois terços do valor do sistema de armas a adquirir têm de ser fabricados num Estado-membro da UE, na Ucrânia ou num país do Espaço Económico Europeu/Associação Europeia de Comércio Livre.
Vários outros países terceiros esperam, no entanto, poder participar ao mesmo nível que os Estados-Membros da UE. Entre eles contam-se o Reino Unido e o Canadá, embora tenham de negociar primeiro um acordo bilateral que inclua uma contribuição financeira.
Outra condição para o SAFE é que os projetos devem visar capacidades prioritárias, incluindo munições, sistemas de drones e anti-drones, defesa aérea e mobilidade militar, entre outros.
Alguns Estados-Membros, para os quais o aumento das despesas militares é um tema politicamente sensível, podem decidir contrair empréstimos para financiar aquisições apenas para a Ucrânia.
Outros países, como a Alemanha, indicaram que podem participar em projetos de aquisição SAFE, mas financiá-los através dos seus próprios cofres.