Atletas, treinadores e representantes do Special Olympics jogaram boccia e ténis de mesa na Comissão Europeia para sensibilizar para a inclusão durante a Semana Europeia do Desporto.
Durante a Semana Europeia do Desporto, atletas com deficiências intelectuais de toda a UE, desportistas e funcionários públicos europeus experimentam o boccia e o ténis de mesa.
O evento, organizado na Comissão Europeia pela Special Olympics, tem como objetivo promover a inclusão das pessoas com deficiência mental na UE.
"Estamos aqui para mostrar à União Europeia que são necessários fundos e políticas para uma maior inclusão, não só no desporto, mas também na educação, no emprego e nos serviços de saúde", disse o atleta búlgaro Viktor Petrov Hristov à Euronews.
O cavaleiro descobriu a equitação há cerca de dez anos, graças ao Special Olympics. Fundado em 1968, este movimento organiza eventos desportivos e competições em mais de 200 países para combater a discriminação contra pessoas com deficiências mentais.
"Gosto de montar porque interajo com o cavalo, tenho de o controlar. É algo que me dá conforto, me torna corajoso e me torna mais parecido com as outras pessoas", explica Viktor.
A atividade uma oportunidade para desafiar os preconceitos que ainda persistem no desporto e na sociedade.
"Na minha experiência, as pessoas têm medo, não sabem como falar com pessoas especiais e pensam que são apenas crianças. Mas nós somos seres humanos. Trabalhamos, vamos à escola, temos amigos", acrescenta Inge Maiberg, a principal atleta da Estónia nos Special Olympics.
A nadadora treina cinco vezes por semana para se manter ativa e cuidar da sua saúde mental. Trabalha também num jardim de infância e faz campanha pela inclusão através destas competições. Acredita que a diversidade de género no campo desportivo e a comunicação nas redes sociais ajudam a promover a causa.
Sensibilização e educação
As pessoas com deficiência intelectual enfrentam o estigma e o isolamento, adverte David Evangelista, presidente da Special Olympics Europe and Eurasia.
"Infelizmente, à escala global, são as pessoas mais subempregadas, as mais subeducadas, as mais traficadas, as mais exploradas e, frequentemente, as mais maltratadas. A situação das pessoas com deficiência é escandalosa", disse David Evangelista à Euronews.
"Se eles têm dificuldade em aceder a clubes desportivos, como é que acham que é um hospital? Como é que é uma escola? Como é que é um local de trabalho? É inaceitável", acrescenta.
Na sua opinião, a tónica deve ser colocada na educação e na sensibilização.
"Olhem à vossa volta. Quando estas pessoas regressarem aos seus gabinetes, terão um entendimento diferente do que é a deficiência mental (...) Tem muito a ver com educação social, consciencialização, divulgação", diz David Evangelista.
Os representantes do Special Olympics reuniram-se com membros da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu para tentar promover a inclusão na UE.
O eurodeputado estónio Jüri Ratas espera que sejam atribuídos fundos a esta causa no próximo orçamento de longo prazo da UE.
Estima-se que existam cerca de 20 milhões de pessoas na Europa com deficiência intelectual, segundo números da Inclusion Europe.