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"Não há lugar para criminosos de guerra": ministros dos Negócios Estrangeiros da UE tentam equilíbrio face a cimeira Trump-Putin em Budapeste

Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reuniram-se no Luxemburgo
Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reuniram-se no Luxemburgo Direitos de autor  European Union, 2025.
Direitos de autor European Union, 2025.
De Jorge Liboreiro
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A possibilidade de o presidente russo, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra, entrar no território da UE dominou a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros na segunda-feira.

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Os europeus continuam a debater-se com a ideia de uma potencial cimeira entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, em Budapeste, o que marcaria a primeira vez desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia que Putin, um homem sob sanções e alvo de um mandado de detenção, pisaria solo europeu.

Reunidos na segunda-feira para um encontro no Luxemburgo, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia tentaram equilibrar o apoio à diplomacia de Trump com a defesa da integridade do Tribunal Penal Internacional (TPI), onde Putin é procurado pela deportação e transferência de dezenas de milhares de crianças ucranianas.

A Hungria continua a ser parte do TPI até que a sua retirada entre em vigor no próximo ano. O país já ignorou um mandado de detenção contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

"Não é agradável ver que uma pessoa com um mandado de detenção emitido pelo TPI está a caminho de um país europeu", admitiu a alta representante da UE, Kaja Kallas.

"A questão é se isso terá algum resultado. Precisamos de ver como estas coisas vão decorrer em Budapeste, pois temos sido muito firmes em afirmar que a Rússia só negocia quando está [sob] pressão. Portanto, esperamos que o presidente Trump faça isso."

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Kęstutis Budrys, foi mais direto na sua avaliação.

"Não há lugar para criminosos de guerra na Europa", disse à chegada.

No entanto, Budrys argumentou que os esforços diplomáticos de Trump poderiam ser, de alguma forma, combinados com a luta do TPI contra a impunidade. O tribunal não tem poder de execução e depende exclusivamente da boa vontade dos governos para realizar detenções.

"Temos de manter os princípios da Europa com os quais todos concordámos, e o único lugar para Putin na Europa é Haia, em frente ao tribunal, e não em nenhuma das nossas capitais", afirmou.

Além do mandado emitido pelo TPI, os Estados-membros também irão considerar a concessão de isenções temporárias à proibição total do espaço aéreo para aeronaves russas. Alternativamente, Putin poderia fazer um desvio longo e entrar na Hungria através dos Balcãs Ocidentais.

Jean-Noël Barrot, de França, disse que era "útil" que Washington continuasse os contactos bilaterais com Moscovo, mas observou que a presença de Putin no território do bloco "só faz sentido se conduzir a um cessar-fogo imediato e incondicional".

"Vladimir Putin tem interesse em aceitar o princípio de um cessar-fogo imediato porque o tempo está contra ele", referiu Barrot, referindo-se aos efeitos das sanções da UE.

A linha de contacto

A reunião dos ministros das Relações Exteriores na segunda-feira ocorre poucos dias depois de Trump ter falado com Putin por telefone e recebido Zelenskyy na Casa Branca.

Após o encontro com Zelenskyy, descrito como tenso pelo FT e Reuters, Trump disse que ambos os lados deveriam "parar onde estão, nas linhas de batalha".

"Vão para casa, parem de matar pessoas e acabem com isso", afirmou, no Air Force One.

A diplomacia em constante mudança de Washington voltou a alimentar os receios de que a arquitetura de segurança da Europa corra o risco de ser decidida sem a presença dos europeus.

"Vamos ver o que acontece, que tipo de reunião [é] e onde acabará por se realizar", afirmou Elina Valtonen, da Finlândia. "No final de contas, ninguém pode decidir sobre a Europa o que está no poder de decisão da Europa."

No entanto, ao contrário da reunião no Alasca em agosto, desta vez haverá pelo menos um líder europeu presente: Viktor Orbán. O facto de o primeiro-ministro húngaro, que tem consistentemente sabotado o apoio coletivo à Ucrânia, ser o anfitrião aprofundou ainda mais a ansiedade sobre o possível resultado da cimeira de Budapeste.

O dinamarquês Lars Løkke Rasmussen tentou acalmar os ânimos, afirmando que Budapeste servirá "apenas como local para a reunião", sem poderes para definir a agenda.

"Não posso fazer nada a respeito disso, além de salientar que estamos do lado da Ucrânia e apoiamos a proposta do presidente americano para um cessar-fogo na linha de contacto. Nada mais do que isso", disse Rasmussen aos jornalistas.

"E se a [cimeira de Budapeste] for sobre isso, é absolutamente aceitável."

O seu homólogo espanhol, José Manuel Albares, transmitiu uma mensagem semelhante ao encorajar os europeus a "perguntar-nos o que podemos fazer" para intensificar a ajuda à Ucrânia e defender a sua soberania e integridade territorial.

"É isso que precisamos de fazer hoje, e não tanto perguntar o que os outros farão", afirmou.

Bruxelas está a trabalhar numa iniciativa inovadora para utilizar os saldos de caixa dos ativos congelados da Rússia para emitir um empréstimo de 140 mil milhões de euros à Ucrânia, para cobrir necessidades financeiras e militares a longo prazo. Em paralelo, o 19.º pacote de sanções contra o Kremlin está quase pronto, com a Eslováquia a ser o último obstáculo por questões não relacionadas.

Além disso, a UE está a ponderar novos planos para visar os navios da "frota fantasma" da Rússia, suspeitos de facilitarem atos de sabotagem contra infraestruturas críticas.

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