"Caçadores de Cometas: Rosetta traça o mapa do 67P

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A Missão Rosetta está agora numa corrida contra o tempo para prepara os mapas e recolher todos os dados antes que o módulo de aterragem Philae entre em contacto com a superfício do cometa 67P, em novembro.
Nesta edição de Space, “Caçadores de Cometas, vamos mostrar-lhe como entrar na órbita de um cometa, como a Rosetta se aproximou do alvo e qual a importância desta missão para o mundo da ciência e para esta equipa em particular.

A História espacial está a ser escrita na Europa este verão: a sonda Rosetta atingiu a órbita do cometa Churiumov Guerasimenko e agora vai passar 12 meses a voar ao seu lado. Acompanhámos a equipa que está responsável por esta missão.
Vamos ver como estão a trabalhar “os caçadores de cometas”.

Centenas de jornalistas de todo o mundo estiveram na Agência Espacial Europeia (ESA), no centro de controlo de Darmstadt, no centro da Alemanha para acompanhar o momento em que a sonda “capturou a presa”.

Matt Taylor, cientista que integra o projeto da ESA explica que “já tinhamos o encontro marcado e conseguimos dar passo seguinte, um verdadeiro marco, conseguimos chegar ao ponto de encontro com o cometa. Agora vamos acompanhá-lo durante um ano.”

A sonda Rosetta demorou dez anos a conseguir ao ponto de encontro com o cometa 67P Churyumov–Gerasimenko, que parece um pequeno pato de borracha feito de gelo e poeira. Armelle Hubault, engenheira operacional afirma que “é um cometa estranho. Pensámos em várias hipóteses para a forma, mas nunca imaginámos que pudesse parecer um pato de borracha.” Paolo Ferri, diretor da missão considera que “tem uma forma fantástica. Do ponto de vista científico, é provavelmente o objeto mas fantástico, que vai para lá da nossa imaginação.”

As fotografias do cometa foram tiradas com uma câmara chamada Osiris- que é controlada por Holger Sierks. O cientista do Max Planck Institute for Solar System Research explica que é usado “um sensor, semelhante aos que utilizam as câmaras digitais, para captar imagens detalhadas do cometa. Conseguimos ver muitos detalhes, pedras gigantes do tamanho de casas. Recordo que isto tem 8 metros por pixel, por isso vemos as sombras dos pedregulhos que estão em terrenos planos.”

O Cometa 67P demora 12 horas a rodar sobre si mesmo no espaço, ou seja, os 10 instrumentos da sonda têm uma boa oportunidade para o analisar. Nunca ninguém tinha estado tão perto de um cometa, cara a cara com um mundo desconhecido.

A equipa de voo está agora no meio de algumas das manobras mais complexas alguma vez feitas no espaço. Andrea Accomazzo, diretor de voo da missão da ESA, explica que “Agora que chegámos ao cometa, temos de começar a caracterizar este objeto, que tem uma forma muito estranha. Com a aeronave, estamos a aproximar-nos e queremos analisar o objeto de vários ângulos.
Para isso, no início vamos voar as suas órbitas, bastante estranhas, quase triangulares, o que nos vai permitir observar o objeto de vários ângulos e desta forma reconstruir a sua forma. Os arcos que estamos a voar agora em agosto são provocados pela gravidade do próprio cometa e é isso que queremos medir. A aeronave vai funcionar como sensor da gravidade do cometa.”

O mapa da gravidade é muito importante: os cientistas precisam que esteja feito até meados de agosto para que o plano da missão possa ser cumprido. Andrea Accomazzo lembra que “o que estamos a fazer agora é fundamental para a continuidade da missão. Se não conseguirmos caracterizar de forma correta o cometa, não vamos conseguir voar à volta dele. É uma questão de referências que deve estar resolvida nas próximas semanas.”

A Rosetta está a fazer algo de totalmente novo. Os cientistas querem mesmo entender os cometas de forma precisa. Existem milhões e milhões atrás de Jupiter e são dos corpos mais primitivos do nosso sistema solar.

Como são tão antigos, podem encontrar-se registos de moleculas que já existiam quando o nosso planeta se formou há 4 mil e 500 millhões de anos. O cientista Holger Sierks recorda que estes objetos
“transportam água de que formos formados e a água que bebemos hoje. Por isso existe uma ligação entre a Terra e a vida e os cometas. Eles podem contar-nos a história da evolução termal e química do sistema solar.”

No próximo ano o Cometa 67P vai ser analisado e fotografado pela Rosetta que depois vai lançar o módulo de aterragem Philae. O que deve acontecer em novembro.

Antes disso, a equipa de caçadores de cometas deve decidir qual a melhor zona para a aterragem, de acordo com as necessidades técnicas do Philae. O cientista Matt Taylor explica que “de forma ingénua, podia dizer: queremos encontrar um lugar plano para aterrar. Mas isso poderia querer dizer que existe uma enorme movimentação da superfície, que pode ter uma natureza “fluída”. Por isso não queremos aterrar nessas zonas porque podem mudar muito rapidamente. É isso que estamos a estudar neste momento.”

A equipa da Rosetta está em permanente contacto com a aeronave, atentos a todos os detalhes de uma máquina que já percorreu 6 mil e 400 milhões de quilómetros à volta do sistema solar. A engenheira de operações Armelle Hubault garante que “o satélite funciona muito bem, sobretudo quando pensamos que é um aparelho que está em voo há 10 anos. Nesta idade, a maior parte dos satélites já deixaram de trabalhar, já se reformaram. A Rosetta começa agora a trabalhar, acredito que há muita gente com inveja do nosso satélite.”

Este é um momento especial. Paolo Ferri, diretor da missão Rosetta diz mesmo que “a emoção e o entusiasmo são semelhantes aos das crianças em dia de Natal. Acredito que todos aqui estão a sentir o que estamos a viver, e este é um verdadeiro momento histórico.”

Matt Taylor, cientista do projeto da ESA garante que “nada se compara com o que estamos a fazer. A exploração, a ciência e o fator surpresa. O meu filho disse-me que queria ser cientista, isto no último ano, desde que comecei a trabalhar na Rosetta, por isso, o trabalho está feito!”

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